A crise do sistema público de saúde em estados do Nordeste, é mais um sinal de alerta para toda a sociedade brasileira quanto aos limites do direito de greve. Em Alagoas, o governo estadual foi levado a decretar situação de calamidade pública. Os médicos reivindicaram 50% de aumento salarial, mas o estado ofereceu apenas 5% de reajuste. A reivindicação é justa, posto que o salário dos profissionais alagoanos é de R$ 1.200 mensais. Mas isso não coloca em segundo plano a questão da greve e seus efeitos em áreas altamente sensíveis. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao descartar uma intervenção federal, lembrou bem que, na área de saúde, o direito à greve deve ser repensado e discutido. Afinal, pode-se colocar a vida de uma pessoa em risco "por causa de uma má avaliação de um comando de greve". Já o secretário adjunto de Atenção à Saúde do Ministério, João Gabbardo, foi mais direto: não se admite uma paralisação, por mais justa que ela seja, que interrompa um atendimento prioritário. "Fazer paralisação em sistemas de urgência e emergência é crime", insistiu. Como o direito à vida é mais importante do que qualquer outro direito, há total urgência no envio de projeto de lei ao Congresso Nacional para a regulamentação do direto de paralisação no serviço público.
Editorial 2