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Editorial

Disputas definidas

O voto nas eleições municipais terá tanta qualidade quanto mais rigorosos forem os critérios que o eleitor impuser às suas escolhas. Para tal definição, não devem contar a amizade ou a troca de favores

No fim de semana passado, as últimas convenções partidárias definiram as linhas da disputa eleitoral de outubro, que renovará o quadro de prefeitos e vereadores dos 399 municípios do Paraná – como de resto, de todos os mais de 5 mil municípios brasileiros. Trata-se da eleição que mais de perto diz respeito ao cotidiano de cada eleitor, ao qual caberá a escolha daqueles que cuidarão do espaço onde vive, trabalha, estuda, busca serviços de saúde, de transporte, sanea­­mento, segurança... É no território dos municípios que transcorre a vida.

Assim, guardadas as devidas proporções quanto às competências institucionais de cada esfera de governo, uma eleição municipal não é menos importante que as dos poderes Executivo e Legislativo federais e estaduais. Logo, os exercícios da consciência cívica e da responsabilidade que se confere aos cidadãos de decidir sobre os destinos de sua cidade, do local onde mora sua família, ganham enorme relevância já a partir desse momento em que se inicia o processo de escolha de prefeitos e vereadores.

O eleitor já toma conhecimento das listas oficiais de candidatos. Nas semanas e meses seguintes, no desenrolar da campanha que se travará nas ruas e nos meios de comunicação de massa até 7 de outubro, tornar-se-á possível avaliar programas e propostas de cada sigla e de cada candidato. Sobretudo, será também possível avaliar a vida pregressa, o passado de trabalho, a conduta ética e moral, enfim, a "ficha limpa" dos que se apresentam para pedir nosso voto.

E esse voto terá tanta qualidade quanto mais rigorosos forem os critérios que o eleitor impuser às suas escolhas. Para tal definição, não devem contar a amizade, a troca de favores, a crença em promessas irrealizáveis. Devem prevalecer como requisitos indispensáveis as virtudes da honestidade, da seriedade, da competência técnica e administrativa que puderem ser observadas entre os postulantes – pois, mais que interesse pessoal, estará em jogo o interesse coletivo.

Reconheça-se que não se trata de tarefa fácil, tantos são os recursos mercadológicos – alguns, de fato, enganosos – de que se valem os partidos e seus candidatos para conquistar a simpatia popular. Outro fator que dificulta a tarefa do eleitor se encontra no próprio sistema político-eleitoral brasileiro, responsável em grande parte pela falta de identidade programática, ideológica e doutrinária da quase totalidade dos partidos, assim como pelo descompromisso dos políticos em relação às suas próprias legendas.

Esse aspecto gelatinoso das águas em que navega a política nacional de fato não contribui para a melhoria dos padrões democráticos e civilizatórios do país. Entretanto, além das reformas que precisam ser feitas – mas sempre adiadas em razão do generalizado desinteresse dos entes que deveriam promovê-las –, não há outro caminho para o aperfeiçoamento que almejamos senão o único instrumento de que dispõe o cidadão: o voto consciente.

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