O sábado foi de alta tensão política em Caracas com manifestações políticas impulsionadas pela escalada de arbitrariedades de Hugo Chávez. O ano de 2009 terminou com desabastecimento, risco de apagão e expropriações a perder de vista, incluindo hotéis, bancos e até um shopping center da rede Sambil confiscado em Caracas dias antes da inauguração, em novembro. Este ano, em meio a um racionamento de energia demandado pelas condições climáticas mas, principalmente, pela ineficiência da gestão chavista, novos ataques à sociedade organizada: tendo como principal alvo a rede varejista franco-colombiana Éxito, o governo está expropriando supermercados sob a alegação de que o aumento de preços imposto pela maxidesvalorização do dólar é especulativo.
A novidade agora é que a indenização nem mesmo é definida pelo Judiciário, obviamente controlado pelo chavismo. É o Executivo que passará a definir quando e como as vítimas dos golpes bolivarianos poderão recuperar parte do dinheiro investido. O cenário de insegurança econômica e jurídica afugenta investidores e impõe medo aos empreendedores venezuelanos. O Judiciário, antes fraco, agora é praticamente inoperante. O Legislativo está, igualmente, nas mãos de Chávez. A imprensa, duramente golpeada pela "lei de radiodifusão", que não admite críticas ao governo, está amordaçada. Restou aos que querem salvar o país a organização de um ato de repúdio ao governo federal no mesmo dia em que Chávez convocou seus seguidores, a maior parte da população, a apoiá-lo publicamente.
Com um assistencialismo imobilizador, a imprensa desarticulada e os poderes submetidos a um governante que não quer apear do poder, não há razões para não classificar o regime venezuelano como uma ditadura.