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Editorial 1

Em águas turvas

O governo do presidente Lula é, sem dúvida, a administração que mais inchou a máquina pública federal nos últimos 30 anos. Tem, hoje, 37 ministérios ou secretarias com o mesmo status e foi responsável pela contratação de 60 mil novos servidores públicos. Se isso já não bastasse, surge mais uma investida de petistas e aliados sedentos por mais espaço no governo e por cargos com polpudos salários: querem criar o Ministério da Pesca. O governo aprovou, por medida provisória, a transformação da Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca em Ministério da Pesca.

A iniciativa do Palácio do Planalto, no entanto, caiu como uma batata quente nas mãos do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), diante da saraivada de críticas que recebeu de toda a sociedade. Chinaglia, pressionado pela opinião pública, recomendou ao ministro José Múcio (Relações Institucionais) que retire a medida provisória, argumentando que a MP da Pesca tem "baixa popularidade" na Casa. Disse, no entanto, que a ordem da retirada deve partir do próprio governo.

A criação do Ministério da Pesca, que prevê a abertura de 295 cargos comissionados sem concurso, é o espelho do governo Lula, no que se refere à administração da máquina pública: falta de zelo e responsabilidade. O assunto é muito sério, porque implica o aumento dos gastos públicos e, conseqüentemente, dos impostos.

No contexto específico, a proposta de criação do novo ministério chega a beirar o ridículo. Em todos esses anos do governo Lula, a Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca não demonstrou competência e agilidade para mudar ou dar um alento ao combalido setor pesqueiro nacional. Se serviu para algo, foi apenas para abrigar políticos petistas sem mandato, como o caso do ex-prefeito de Chapecó (SC), José Fritsch, nomeado secretário nacional da Pesca depois de derrotado nas urnas, nas últimas eleições para governador em Santa Catarina. O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP) até ironizou: "Se fosse pela importância econômica, o governo tinha que criar o Ministério da Banana, que movimenta R$ 7 milhões/ano, enquanto a Pesca movimenta apenas R$ 1 milhão".

O apelo do deputado Arlindo Chinaglia corrobora suas manifestações anteriores contra o uso indiscriminado de MPs. O congressista também teme o trancamento da pauta das votações, coisa que prometeu fazer a oposição, em represália a mais essa ampliação da máquina pública. Eis conselho do petista: "O governo precisa estar cada vez mais consciente de que se continuar editando medidas provisórias vai impedir o trabalho aqui e vai chegar ao limite máximo de impedir que se vote aquilo que o governo afirma desejar, como a reforma tributária".

A sociedade, sobrecarregada de impostos para sustentar uma máquina inchada pelos apaniguados políticos do PT e de sua esfera de influência, está no limite do sacrifício. Por isso exige mais respeito e seriedade com o tratamento dos recursos públicos. Quanto à pesca, parece que Lula não aprendeu o velho ditado: só está dando o peixe em vez de ensinar a pescar.

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