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Editorial 1

Em boa hora

A criação da Rede de Fiscalização e Controle da Copa de 2014 – formada por comissões da Câmara e do Senado e pelos tribunais de contas da União, estados e municípios – é uma iniciativa que, ao menos em parte, atende aos anseios da sociedade por mais transparência, moralidade e eficiência na gestão das obras que antecedem esses grandes eventos. Materializada em um portal com informações em tempo real, conforme prometem seus idealizadores, a rede poderá ajudar muito o Brasil a atingir suas metas para realizar uma Copa de sucesso, espantando os fantasmas da corrupção, do desperdício de dinheiro público e da má gestão. Os idealizadores do projeto pretendem lançar portal semelhante para a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

A promessa é de que o portal apresente, numa primeira fase, instruções normativas que tribunais baixarão para buscar informações sobre gastos. Há ainda um projeto preven­­do a obrigação de que todas as pessoas envolvidas com a Copa abasteçam o portal com dados atualizados.

A experiência mostra que quando qualquer cidadão pode acompanhar informações e gastos públicos tudo é feito com mais correção e economia para os cofres do Estado. Afinal, no vácuo deixado pela falta de regras claras, fica mais fácil o atropelo da moralidade na hora de investir recursos públicos da ordem de R$ 100 bilhões. No entanto, boas intenções não bastam. Pela dimensão dos eventos, as medidas precisam ser posta em prática o quanto antes e complementadas com todos os controles possíveis para que se garanta que os investimentos não se destinem somente aos eventos esportivos, mas também à melhora da infraestrutura nacional.

Uma fonte de inspiração para a adoção de mecanismos de controle vem da organização da Copa de 2010, a ser realizada na África do Sul. Da instância máxima da organização do evento fazem parte pessoas indicadas pela sociedade civil com carta branca para discutir com as instituições governamentais e dirigentes do futebol o que vai ser feito e como vai ser feito. A meta do grupo é abreviar prazos de en­­trega das obras, aumentar a eficiência do trabalho e prevenir atos ilícitos, especialmente nas concorrências públicas.

Ainda há quem não aprecie a vinda da Copa e dos Jogos Olímpicos para o Brasil, na próxima década, por temer a corrupção associada à licitação das obras. É uma atitude compreensível de quem está farto das demonstrações de improbidade dadas pelos agentes dos poderes públicos. No entanto, ela dribla o problema, que não deixa de existir. Se queremos um Brasil de fato desenvolvido, precisamos enfrentar o problema da corrupção. E o remédio mais eficaz é o da transparência. Com seu uso, teremos menos razões para temer os grandes eventos esportivos e mais garantias de que eles nos ajudarão não apenas a divulgar o país como destino turístico mas, principalmente, a construir obras de infra-estrutura que ficarão por muito tempo, como um grande legado da Copa e dos Jogos Olímpicos.

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