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"O PIB brasileiro poderá se recuperar neste ano, crescendo mais 4%", declarou o ministro da Fazenda em Londres, onde acompanhou a visita oficial do presidente da República. Apreciar a questão, nesta altura, é mais agradável do que analisar depoimentos de ex-auxiliares do titular da pasta das Finanças às CPIs do Congresso que investigam irregularidades no desempenho anterior de Antônio Palocci. A recuperação econômica é possível, porém o cenário geral estaria mudando de sinal, como dão conta as notícias sobre o desempenho da indústria e a retração da bolsa, entre outros fatores.

As previsões na área guardam uma polêmica de volume igual ou superior à carta tributária brasileira: economistas do próprio governo como Fábio Giambiagi e seus colegas do Ipea lembram que o baixo crescimento do ano passado projeta uma dinâmica negativa sobre o PIB, tende a crescer menos do que o dado informado pelo ministro Palocci: 3,4%. Além disso, ao lado de fatores adversos internos (quebra da safra agrícola, aftosa no gado bovino e redução da demanda por carne de frango, retração da produção e exportação industrial etc), a formação de capital também caiu de 7% em dezembro para 5,8% no trimestre, afetando investimento em fábricas, construção civil, menos obras de infra-estrutura e assim por diante.

Ainda, a economia brasileira vinha num ritmo modesto nos últimos 20 anos, quando o PIB cresceu apenas entre 2% e 3%; em 2005 avançou apenas 2,3% e mesmo assim com parcela dessa expansão representada pela majoração da carga tributária ao longo do ano, quer dizer, uma expansão sem base sólida. A hipótese agora é manter essa média magra, porque fatores de retração continuam presentes – entre eles a queda de safra, o encarecimento da moeda nacional que prejudica o comércio exterior e – sobretudo, a retração registrada nas economias centrais, reconhecida pelo próprio ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Como aspectos favoráveis, o economista Giambiagi alinha a redução dos juros para a média anual de 15,50% (ante os 17,50% do ciclo anterior) e a contenção da inflação em 4,5%, dentro da meta preestabelecida pelo Banco Central. Mas enquanto as autoridades econômicas vêem como prioritária a estabilidade monetária e para isso mantêm controle cerrado sobre o risco inflacionário, no restante do mundo a inflação tem girado em torno de 2%, segundo declarou o economista-chefe da GRC Visão, Pedro Bartolomei, durante seminário sobre globalização realizado em Curitiba.

Imaginar que o país só tem espaço para um PIB potencial de 3% a 3,5% é uma simplificação da realidade que despreza o anseio geral por expansão sustentada mais robusta – ajunta Bartolomei. De fato, embora o presidente Lula tenha declarado em Londres que "não brinca com a economia", os brasileiros esperam mudar o sinal: do atual modelo de economia de escassez por um esforço maior de desenvolvimento que crie condições para a prosperidade até agora adiada.

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