Empenhado em evitar um novo apagão energético, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou aos ministros reunidos em conselho que apressem projetos e procedimentos para a criação de um inventário de usinas hidrelétricas e de outras fontes de energia. A corrida é para elevar a oferta de energia hidrelétrica, considerada a mais econômica e menos poluidora das matrizes de larga escala, de modo a acompanhar as previsões de crescimento do Brasil. Mas, para ser bem-sucedido o esforço deve ser geral – concluíram os participantes do Seminário sobre Energia realizado nesta semana pelo Instituto de Engenharia do Paraná, com apoio desta Gazeta do Povo.

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O ex-ministro de Minas e Energia e professor Francisco Gomide, falando aos participantes no encerramento do seminário, lembrou que as projeções para a área são de investimentos da ordem de R$ 500 bilhões a R$ 800 bilhões (variação que decorre da divergência de duas fontes: a Agência Internacional de Energia ou a empresa de planejamento governamental do setor) para acompanhar uma expansão do Produto Interno Bruto de 3 a 4,5% ao ano, até 2010. Outro conferencista indicou que a atual garantia firme de fornecimento, da ordem de 40 milhões de quilowatts, pode ser ampliada para mais de 100 milhões se o país utilizar plenamente o potencial levantado nos rios que correm do planalto central para a região amazônica.

Porém, construir usinas hidrelétricas na Amazônia, além de questões técnicas relacionadas com a topografia mais plana do que no Centro-Sul, significa tocar em questões ambientais e de preservação de áreas indígenas que requerem cuidado extra dos planejadores. Por isso, a recomendação dos especialistas é que o governo formule projetos prévios que, após estudos de viabilidade econômica e ajuste dos impactos ambientais, possam ser oferecidos à iniciativa privada com relativa segurança de que as obras serão tocadas.

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Embora disponha da maior dotação mundial de aproveitamentos de base hidráulica, o Brasil precisa se manter atento à necessidade de diversificação de sua matriz energética, incluindo o gás natural a ser extraído de fontes próprias (para evitar maior dependência de fornecedores instáveis).

Usinas hidrelétricas dependem de fatores climáticos, requerendo complementação com usinas de outras fontes (óleo combustível, biodiesel, etc.), para a garantir o suprimento mesmo em períodos de estiagem ou na interrupção da oferta de gás canalizado. O Paraná, a propósito, tem estudos sobre novas fontes renováveis, embora estejam suspensas de forma incompreensível as licenças estaduais para implantação de pequenas centrais hidrelétricas, uma solução de alta eficiência e baixo impacto ambiental.

Em conclusão, vale o conselho do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, dado aos paranaenses em Curitiba: a energia pode não faltar em 2009/10, mas ficará muito cara se não atuarmos agora para aumentar sua oferta segura e econômica.