• Carregando...

A reunião de cúpula do G20, clube dos vinte países mais importantes do planeta, que representam 85% da economia global e dois terços da população do planeta, pode representar um divisor de águas do atual sistema econômico. Embora os principais analistas não esperem grandes mudanças imediatas do encontro de hoje, em Washington, os líderes mais poderosos do mundo podem anunciar o início de um processo de construção de nova diretriz para o sistema financeiro .

Esta é a primeira oportunidade de um encontro de cúpula mundial depois que a crise econômica se disseminou . Portanto, o momento é mais do que propício para a tomada de decisões estratégicas. Com sensibilidade, os líderes do G20 podem se comprometer a construir uma solução coordenada e cooperativa para a mais grave crise econômica depois da grande depressão de 1929.

A reunião oferece às economias ricas uma chance de mostrar boa vontade para desfazer parte dos danos causados à economia global pelas decisões erradas e descasos de seus governos, nas últimas décadas, que geraram a forte recessão atual. O encontro será proveitoso se representar o início de discussões sérias não só sobre as raízes dos problemas financeiros, mas sobre o combate à profunda desigualdade econômica reinante no mundo todo.

Os países emergentes do grupo ganham um novo papel, pois é dessas economias em construção que se espera maior empenho para dividir riquezas de modo mais justo. Suas economias, sempre tidas como periféricas, serão fundamentais para ajudar o mundo a sair dessa situação crítica. E a saída não pode ser excludente, precisa contemplar também os que vivem marginalizados.

Convidados apenas para o cafezinho, os emergentes, agora, ganharam um novo status. No jantar da Casa Branca, que abriu formalmente o encontro, ontem à noite, lá estavam em primeiro plano chefes de Estado como os presidentes Lula, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina, entre outros líderes de países em desenvolvimento.

Um fato que esbarra avanços mais substanciais, nesta cúpula, é o vácuo do poder nos Estados nesse período de transição de governo. É notório que o maior problema do presidente George W. Bush é sua total falta de credibilidade quando se chega à questão central de como regular o mercado financeiro norte-americano e global para garantir que este desastre econômico não se repita. Ao mesmo tempo, a posição do futuro presidente americano, Barack Obama, não está clara sobre esse aspecto. Um de seus principais assessores antecipou que ele "não apoiará um regulador mundial".

Dificilmente, os líderes do G20 vão chegar a um acordo semelhante ao de Bretton Woods, que entrou em vigor em 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, criando o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e estabelecendo regras de relações econômicas e financeiras entre as nações industrializadas que estão em vigor até hoje. De qualquer forma, a convocação da reunião pode ser vista como sinal positivo, porque mostra que os líderes têm confiança no futuro e estão dispostos a agir com firmeza.

Resta esperar que as decisões de Washington sejam de bom senso e não penalizem ainda mais os países pobres. Como apregoa o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualquer decisão para eliminar a atual crise não pode minar os esforços globais de combate à pobreza, às mudanças climáticas e à carência alimentar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]