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Programas no horário gratuito do TRE em rádio e televisão inauguram hoje mais uma etapa da campanha eleitoral para a Presidência da República e para o governo estadual. Favorecidos pela despoluição proporcionada pela não exibição, nesta fase, dos candidatos a deputados e senadores, os eleitores terão mais chance de conhecer e comparar os postulantes aos executivos federal e estadual. Praza aos céus que, agora, eles não continuem desfilando o indigente discurso de propostas com que se apresentaram no primeiro turno.

É fundamental na democracia representativa, pela qual o povo delega poder para que alguns dos seus exerçam a função pública, que se faça o debate de programas, ideologias e doutrinas. É deste modo que, de fato, o eleitor pode desenvolver consciência crítica para distinguir entre os candidatos aquele que mais se afina com seu próprio pensamento e que, no seu entendimento, melhor se apresenta para bem governar.

Infelizmente, o que mais temos visto é a mera luta pelo poder entre velhos grupos que dominam a cena política, que ainda não se deram ao trabalho de mostrar ao eleitorado que projeto de país e de estado realmente defendem e seus compromissos com o futuro. Não se diferenciam na cansativa cantilena de que darão atenção prioritária às questões de saúde, educação e segurança – ainda assim sem oferecer uma perspectiva que não seja meramente eleitoreira e, de modo geral, assistencialista.

Passa longe a idéia de que o Brasil – nele incluído, obviamente, o Paraná – está paralisado. Comparativamente ao resto do mundo e, em particular, aos países emergentes, apresenta taxas de crescimento reduzidas, pouco superiores ao simples crescimento vegetativo da população. Portanto, a continuar nesse passo, fica claro, nem mesmo as corriqueiras promessas de melhoria do sistema de social serão cumpridas. Não há melhor política social do que o desenvolvimento. No entanto, não se vêem propostas consistentes que nos levem a acreditar em compromissos firmes dos candidatos com o futuro.

No plano federal, por exemplo, soam parecidas demais as propostas voltadas para a área econômica. Embora ambos os candidatos coincidam quando se trata genericamente de manter a inflação sob controle, de reduzir impostos e de criar emprego e renda, nenhum dos dois se aprofundou nas questões estruturais que permitam manter essas premissas e, ao mesmo tempo, propiciar o necessário ritmo de crescimento.

Ficaram de fora, até agora, discussões mais claras, de fundo programático e doutrinário, a respeito, por exemplo, do problema crucial da Previdência. Não se tem idéia, também, de como pretendem tratar da reforma tributária ou da reforma trabalhista; ou que ações legislativas moveriam para dar mais agilidade ao judiciário; que mudanças reais empreenderiam para purgar o sistema político-eleitoral de seus vícios.

E, enfim, não se tem idéia sequer de qualquer meta de crescimento para os próximos anos – embora todos saibam que qualquer índice abaixo de 6% ao ano ao longo da próxima década será insuficiente para criar os empregos necessários para atender o contingente de mão-de-obra que chega ao mercado e, muito menos, reduzir o estoque de 10 milhões de desempregados já acumulado. E para tirar da miséria milhões de famílias, hoje sem possibilidade de viver sem a ajuda de programas sociais paternalistas.

É pela qualidade e pelo conteúdo das mudanças que propõem que se pode perceber a visão de Estado e de sociedade de cada candidato. Os eleitores ainda estão carentes dessa percepção que, espera-se, seja agora satisfeita nessa nova e definitiva fase da campanha.

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