Passa ano, entra ano, e o cenário da política brasileira continua o mesmo. O fisiologismo sempre fala mais alto na hora da corrida pelos cargos-chaves da República. Esse é, mais uma vez, o caso da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. O deputado Michel Temer (PMDB-SP), velho conhecido dessa viciada prática política, não está medindo "esforços" para conquistar a presidência da Casa na condição de candidato. Temer fez um "acerto", prometendo, se eleito, lotear os sete cargos na mesa diretora da Câmara, entre seis partidos, constituindo o chamado "blocão". Situação e oposição estão contempladas pelo acordo. O "blocão" tem, ao todo, 12 partidos. As legendas menores também deverão receber suplências dos cargos. O interesse na mesa diretora se justifica não apenas por ser o grupo que toma decisões importantes, como a não-promulgação da emenda constitucional modificada no Senado, que recria mais de 7 mil vagas de vereadores, mas também porque dá aos ocupantes o direito de contratar grande número de assessores sem concurso público, nos chamados cargos de natureza especial (CNEs). O presidente da casa, por exemplo, tem direito a 46 CNEs. Os demais integrantes da mesa ficam ainda com direito à indicação de outros 33 cargos cada um. Para cada um dos quatro suplentes sobram ainda mais 11 cargos. É mais um "trem da alegria" que, sem escrúpulos, transita impune e livremente pelo Planalto Central.
Editorial 2