A ampliação do contingente policial no Paraná é necessária para que, dentro de uma estratégia ampla, a segurança pública no estado possa ser melhorada. O déficit do número de policiais civis e militares no estado é bastante alto, quando comparado a estados de mesmo porte, como o Rio Grande do Sul, e esse fato necessitará de uma atenção prioritária do governo estadual nos próximos anos. Pois é inegável que a solução para os problemas de segurança pública passa por se ter um contingente policial adequado.
O déficit policial no Paraná, conforme mostrou a Gazeta do Povo, na quarta-feira, é de cerca de 9,2 mil policiais militares, se for considerado o número estabelecido pela Lei Orgânica da Polícia Militar, aprovada em 2010. Hoje, entre bombeiros e policiais militares, o contingente total é de 17,4 mil. Pela lei, o ideal seria 26,7 mil. O déficit é encontrado também no número de policiais civis, que caiu nos últimos dez anos. Eram 3,9 mil em 2000 e hoje são 3,5 mil.
Esses dados refletem uma dificuldade do estado ao longo da última década em manter efetivos policiais adequados para evitar a escalada de violência e de melhorar a sensação de segurança da população paranaense. Ao analisá-los, fica evidente que faltou investimento na ampliação do contingente policial em anos passados, situação que o governo atual vem sinalizando no sentido de reverter.
Entretanto, ao mesmo tempo em que há um déficit no número de policiais no estado é necessário lembrar que a ampliação desses quadros tem custo orçamentário elevado, fato que não pode ser ignorado. A decisão de ampliar o número de policiais no Paraná deve ser objeto de análise e planejamento criterioso do governo estadual, uma vez que o orçamento público padece da conhecida "síndrome do cobertor curto". Ou seja, como os recursos são escassos aplicá-los em uma área determina necessariamente retirá-los de outra. Não há mágica financeira apta a resolver esse dilema. Mas, se dificuldades financeiras existem, há a urgente necessidade de se apresentar soluções efetivas para o problema da escalada da violência no estado.
Ao lado da necessária ampliação dos quadros policiais, é preciso que o governo estadual organize seus contingentes de forma eficiente. Nesse sentido, já foi objeto de atenção desta Gazeta a necessidade de garantir mais delegados através da abertura de concursos, a fim de evitar que um mesmo profissional atenda mais de uma cidade ao mesmo tempo, reduzindo dessa forma o poder de investigação policial, situação que acaba contribuindo sobremaneira para o acúmulo de inquéritos sem conclusão.
Também é importante lembrar que a ampliação do contingente policial é simplesmente uma parte da solução do complexo problema da segurança. Outras medidas, como ampliação de estrutura física das delegacias e penitenciárias, ampliação dos canais de informação, de investigação e o desenvolvimento de novas técnicas de inteligência serão importantes para que o aparato policial possa cumprir com o seu objetivo de garantir à altura os serviços de segurança pública, tão ansiosamente esperados pela população paranaense.