Em média, 30% dos grãos exportados via Porto de Paranaguá provêm da Região Centro-Oeste do país, especialmente Mato Grosso do Sul. São cerca de 6 milhões de toneladas de soja, milho e farelos transportados de caminhão, que enfrentam rodovias nem sempre bem conservadas ou outras que, embora muito melhores, cobram altos pedágios. Segue também para Paranaguá a produção própria do Paraná, da ordem de 13 milhões a 14 milhões de toneladas anuais, enfrentando os mesmos problemas e – pior – perdendo competitividade no mercado a cada quilômetro rodado nas rodovias.
Do total da produção de granéis que vai para o porto paranaense, apenas 20% chegam até lá utilizando nossas ferrovias – um modal economicamente muito mais eficiente e capaz de reduzir os fretes entre 20% a 30% na comparação com o transporte rodoviário – uma diferença que se refletirá na Bolsa de Chicago em ganhos para o produtor rural, para o estado e para o país.
Não é de hoje que se fala na urgente necessidade de dotar o Paraná de ferrovias que liguem nossas principais regiões produtoras e que sirvam, ao mesmo tempo, para atrair cargas da nova e próspera fronteira agrícola do Centro-Oeste brasileiro. Entretanto, a chamada “vontade política” para fazer acontecer a ferrovia é inversamente proporcional à necessidade que o estado tem dela.
A produção própria do Paraná perde competitividade no mercado a cada quilômetro rodado nas rodovias
Após inúmeros anúncios, por parte da União, de que o Paraná estaria incluído com prioridade nos grandes projetos ferroviários Norte-Sul e Leste-Oeste, o que concretamente se vê é o estado figurar no fim da fila de 12 projetos de leilão de concessões a serem lançados pelo Ministério dos Transportes. Em recente visita ao estado, depois de ouvir queixas do empresariado local, o ministro Antonio Carlos Rodrigues lançou o desafio: se houvesse um esforço local para buscar investidores nacionais e estrangeiros em tocar o projeto, o estado poderia ser contemplado com a inversão das atuais prioridades.
Entidades empresariais do estado aceitaram o desafio e iniciam providências visando a prospectar eventuais investidores interessados em se inscrever num Procedimento de Manifestação de Interesse, passo inicial do processo de concessões para implantação e exploração de empreendimentos. Esta iniciativa ainda se encontra na fase embrionária de elaboração de estudos prévios de demonstração da viabilidade técnica e econômica, mas desde já prevê como meta a ligação ferroviária de Maracaju (MS) a Paranaguá.
Além da demanda crescente pelo transporte, investidores contariam com trechos já operacionais – um deles, a ferrovia Central do Paraná, atualmente explorada pela concessionária Rumo-ALL; e o outro é a Ferroeste, que liga Cascavel a Guarapuava. Os grandes desafios seriam a construção do trecho da Ferrovia Norte-Sul de Maracaju à região Oeste do Paraná e a solução de dois gargalos que comprometem qualquer projeção de eficiência do transporte ferroviário. O primeiro diz respeito ao desvio Ipiranga, trecho sinuoso e de grandes aclives, interligando um extremo da Ferroeste, em Guarapuava, à Central do Paraná. O segundo é o trecho da Serra do Mar, entre Curitiba e Paranaguá, por onde correm os trilhos da estrada de ferro construída no século 19, nos tempos do Império. Dos seus pouco mais de 100 quilômetros de extensão e 900 metros de desnível entre o Litoral e o Primeiro Planalto, 14 quilômetros representam a maior dificuldade para o tráfego de grandes composições. Sinuosidades excessivas e grandes aclives reduzem substancialmente a velocidade e limitam a capacidade de transporte dos trens.
Os percalços técnicos e ambientais, porém, não são intransponíveis. Mais intransponível tem sido a falta de vontade política dos agentes públicos em colocar o projeto em pé – tarefa que agora a iniciativa privada, por meio de algumas de suas entidades de representação, se dispõe a executar. Mas as entidades só podem ir até um certo ponto. Por isso, além de buscar investidores, ainda será preciso convencer os governos e bancadas parlamentares a participar efetivamente do esforço.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares