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Há muito o que comemorar com o resultado da votação de domingo. Nota-se, de imediato, que um número menor de eleitores optou pelo voto nulo para presidente da República, em relação a 2002. O porcentual de nulos não deve chegar a 6%, quando no primeiro turno das eleições passadas foi a 7,36%. Prevaleceu um compromisso maior com o processo de escolha de nossos representantes.

Independentemente de quem venha a sair vitorioso no próximo dia 29, encerramos parte de um precioso capítulo da grande aventura que é escrever, cotidianamente, a história do país. Isso não significa, porém, que, passadas as eleições – até agora uma das mais disputadas de todos os tempos –, a sociedade deva dar às costas para a política e ao exercício de cidadania. Pelo contrário. Sela-se o inabalável compromisso de zelar pelo bem público, em seu amplo e abrangente espectro político. Partindo para mais um trecho da marcha do aprimoramento da democracia no país, cabe agora – não apenas aos políticos eleitos e mesmo aos derrotados – a todo o cidadão exigir e fazer cumprir o que foi dito e proclamado ao longo da campanha.

Sobressai-se aí a garantia de respeito às instituições e às expectativas da população, pautando-se sempre pela ética e pela transparência nas ações. De nossa parte, está reafirmado tal compromisso. Como dissemos anteriormente neste espaço, o chamamento à ética é imperioso. Está dito que não se constrói uma sociedade baseada na virtude dos homens, mas na solidez das instituições. Há de se destacar, porém, que instituições sólidas requerem a presença e participação de pessoas virtuosas, cabendo ao cidadão se armar de força e constância no monitoramento.

Ao mesmo tempo, a escolha já sacramentada em primeiro turno não significa o esquecimento ou possível perdão de denúncias e ou de inquéritos em andamento para apurar responsabilidade em desvios de conduta, desmandos e prática de corrupção. Pelo contrário. Os acusados e denunciados, sempre com o sagrado direito de ampla defesa, deverão continuar respondendo, um a um, pelos seus atos. A eleição ou a ainda possível recondução ao cargo de políticos que frustraram a expectativa da sociedade não põem um ponto final nas investigações em curso ou concluídas. O voto que por ventura decretou uma eleição, reeleição ou o mesmo fracasso do político nas urnas não significa uma forma de perdão ou anistia.

Para os sem esperança ou com pouca esperança, vale recorrer ao sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier, ao lembrar que a formação da democracia brasileira é, com em qualquer país, um processo complexo e de longa duração, sendo preciso levar em conta traços institucionais que se foram decantando por sucessivas conjunturas. Hoje, o que temos, é resultado cumulativo de uma longa experiência que começou com a implantação dos rudimentos jurídicos e administrativos e culminou na formidável expansão do eleitorado.

Não é pouco. É uma conquista a ser preservada – e ampliada.

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