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editorial 1

Hora de dar adeus

Os "cavaleiros do apocalipse", apelido irônico dado por Hugo Chávez aos seus opositores, estão mostrando que, unidos, podem ameaçar a permanência do presidente venezuelano no poder. Isso se o processo eleitoral, marcado para 7 de outubro, transcorrer dentro de todos os trâmites democráticos esperados. Quem deve ir para a disputa contra Chávez é o governador de Miranda, Henrique Capriles, apoiado por outros fortes nomes da oposição que formam a Mesa de la Unidad Democrática (MUD, também chamada de Unidad).

Os opositores entenderam que sozinhos não conseguirão derrubar Chávez, que está desde 1999 no poder daquele país. As prévias para escolha do candidato da oposição, realizadas em 13 de fevereiro, foram um grande passo para uma dura campanha que deve se seguir. Importantes não apenas por ter escolhido um nome, mas por ter tido a participação de 17% dos eleitores venezuelanos. É uma porcentagem considerável, visto a força que Chávez ainda mantém, com popularidade em alta, mesmo enfrentando problemas na área de segurança, de infraestrutura, deterioração do poder aquisitivo e inflação alta.

A união oposicionista possivelmente será a única forma de derrubar esse caudilho que, mesmo tendo sido eleito democraticamente pela população venezuelana, tem todas as cores de um ditador: logo que tomou posse, em fevereiro de 1999, dissolveu o Congresso e convocou uma Assembleia Nacional Constituinte. A nova Constituição, aprovada por referendo em dezembro do mesmo ano, ampliou os poderes do Executivo, permitiu uma maior intervenção do Estado na economia, eliminou o Senado.

De lá para cá, o que se viu no país foi uma série de desmandos, como intervenção em empresas privadas do setor petrolífero, de comunicação, instituições financeiras, em medidas que geraram 20 processos de arbitragem abertos por empresas estrangeiras que buscam bilhões em compensações por estatização. Apesar dessa forma totalitarista, mantém-se no poder "ungido" pelas massas, ainda obtendo altos índices de popularidade e intenção de voto.

A oposição tem sua melhor chance de ganhar desde 1999. Chávez tem ainda um alto índice de aprovação, mas em 2006 mantinha 25 pontos de vantagem e agora essa diferença caiu pela metade. O maior desafio de Capriles é seduzir as classes mais baixas, mas para isso será preciso conquistar o eleitorado com uma boa promessa de melhorias na situação econômica do país.

Falta para a oposição uma estratégia. O discurso apresentado até agora foi de volta a uma antiga Venezuela, mas não apresentaram uma alternativa que possa dar uma direção aos eleitores. Enfrentará um candidato truculento, capaz de dizer que tanto faz concorrer com um nome da oposição, ou "uma capivara, um burro ou um ornitorrinco", como afirmou em entrevista para a TV estatal de seu país, após as prévias.

Afinar o discurso e se unir contra Chávez é necessário para a luta pela sobrevivência da democracia venezuelana e para o desenvolvimento daquele país. Para qualquer país democrático, a alternância de poder é imprescindível. Ainda mais na Venezuela, onde um único governante tem voz e mostra-se cada vez mais motivado a cometer arbitrariedades.

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