O ano de 2015 deixará importantes lições para os próximos anos e, sobretudo, para as próximas gerações. A necessidade de o país ter crescimento econômico, a fim de conseguir superar a pobreza e elevar o padrão de vida da população, requer que sejam preservados e melhorados os pilares que estimulam o espírito empreendedor, os investimentos e a geração de riqueza. Tais objetivos dependem da normalidade das instituições políticas e do bom funcionamento das leis e das regras que regulam a vida do Estado, das empresas e das pessoas. A primeira lição – confirmada por vezes na história da humanidade – é que a crise política, enquanto persiste, prejudica de forma constante e direta a economia e paralisa os motores da geração de riqueza. A segunda lição é que não existe crescimento sustentado e duradouro quando o setor público entra em desequilíbrio e estoura suas contas.
Esses dois problemas – crise política e desequilíbrio nas contas do governo – estão presentes hoje no Brasil de forma intensa e exageradamente prolongada. Não é a primeira vez, nem será a última, que o Brasil enfrenta crise política e crise econômica simultaneamente. Mas fazia muito tempo que o país não perdia um ano inteiro com as duas crises instaladas sem que medidas de solução fossem apresentadas. Ao lado das duas crises, o país está petrificado diante da demolição moral nos negócios públicos, cujo símbolo maior é a gigantesca corrupção descoberta no âmbito da Operação Lava Jato – e esse é apenas um pedaço do mar de corrupção que assola o sistema estatal brasileiro.
Já passou da hora de o país perceber que alguma coisa de importante precisa ser feita para mudar o rumo da economia
Outra coincidência estranha para os padrões históricos é a convivência simultânea da queda expressiva no Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 em relação ao ano anterior – configurando situação de recessão e desemprego – e a inflação de 10% no ano, acima do dobro da meta (4,5%) do Banco Central (BC). A primeira explicação para inflação elevada em tempo de recessão são os reajustes de preços dos setores controlados pelo governo, caso específico da energia, transportes e combustíveis. A queda do PIB é grave em qualquer lugar do mundo, mas, no Brasil, é especialmente grave por ocorrer em concomitância com a inflação e com o crescimento da população.
É hora de mudar. Na verdade, já passou da hora de o país perceber que alguma coisa de importante precisa ser feita para mudar o rumo da economia, tarefa difícil se não for debelada a crise política, que vem paralisando as ações do governo. O inusitado da atual crise política é que estão sob fogo cerrado a presidente da República, o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado Federal. Os dois últimos estão na lista dos políticos implicados na Operação Lava Jato, cujo processo está na dependência do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal para andar e ser concluído. Quanto à presidente Dilma, embora ela tenha sido presidente do Conselho de Administração da Petrobras no período em que a companhia se envolveu com negócios escusos – como é o caso da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a preços escorchantes –, a paralisia de sua gestão vem mais das mentiras eleitorais, de sua dificuldade em dialogar com o Congresso e da ameaça de impeachment.
O país não crescerá se os investimentos em infraestrutura física e em negócios empresariais não saírem dos atuais 19% do PIB para taxas superiores nos próximos anos. A dificuldade nesse caso é que os investimentos em infraestrutura dependem muito do setor público – que está com as contas estouradas e sem dinheiro – e os investimentos do setor privado estão contidos diante da inflação e da crise política. Como agravante, os investidores internacionais não expandirão aplicações no Brasil enquanto a crise política e a crise financeira do governo não forem superadas.
O ano de 2016 já se prenuncia problemático, podendo piorar caso a crise política e o déficit público nas três esferas de governo não tenham solução encaminhada. É hora de mudar o país e, quanto mais tempo demorar, mais a nação empobrecerá. Esta é a questão essencial: a demora nas soluções é fator de empobrecimento. O povo brasileiro sempre foi tido como paciente, tolerante e pouco mobilizado diante das crises. Entretanto, as manifestações ocorridas em meados de 2013, quando o próprio Congresso Nacional foi cercado pelos manifestantes, mostraram que uma hora ou outra a população reage.
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