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| Foto: Romerio Cunha/VPR

Está para ser instalada no Congresso Nacional uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI, que inclui senadores e deputados) para, teoricamente, investigar as atividades da JBS, que experimentou crescimento meteórico na era petista até se tornar a maior processadora de proteína animal do mundo. “Teoricamente”, porque os objetivos dos parlamentares da base aliada, com apoio do presidente Michel Temer, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pela Gazeta do Povo , são um pouco diferentes.

Uma CPMI da JBS bem feita seria extremamente útil para o país, pois a história da empresa resume um pouco do que foi a farra realizada nos anos de governo petista. Os parlamentares poderiam, por exemplo, ajudar a jogar luz sobre a política de “campeões nacionais” incentivada desde os mandatos de Lula: empresas brasileiras destinadas a se tornar players globais em suas áreas de atuação, escolhidas sabe-se lá com que critérios e fartamente irrigadas com dinheiro do BNDES sobre o qual eram cobrados juros muito camaradas em comparação com o que o governo paga quando se endivida. A própria atuação política do BNDES, não apenas com os “campeões nacionais”, mas com a ajuda a governos amigos do petismo, ainda é uma caixa-preta que, quando aberta, tem tudo para assumir dimensões semelhantes às dos maiores escândalos atuais.

A atuação política do BNDES ainda é uma caixa-preta que precisa ser aberta

Mas, em vez de escancarar os meandros do capitalismo de compadres característico das eras Lula e Dilma, os parlamentares pretendem usar a CPMI para constranger a Operação Lava Jato, que tira o sono de muitos políticos. O primeiro alvo seria o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin: os deputados e senadores querem que ele vá ao Congresso (o que ele não é obrigado a fazer) explicar que relações o magistrado teria com Ricardo Saud, um dos delatores da JBS.

Para os parlamentares, se a Lava Jato não está poupando nem mesmo o presidente da República, o que não fará com um deputado ou senador? Ora, o mesmo pode ser dito de sua estratégia na CPMI: se buscam logo de imediato constranger um ministro do Supremo Tribunal Federal, o que não estarão pensando em fazer com agentes da Polícia Federal ou procuradores do Ministério Público?

Leia também:O BNDES a serviço do PT (editorial de 31 de maio de 2017)

Transformar uma CPMI em meio de constranger aqueles que investigam e julgam os próprios parlamentares seria uma demonstração inequívoca – mais uma – de que os interesses pessoais estão acima dos interesses do país. Que isso seja feito, ainda por cima, com aval do Planalto é simplesmente inaceitável.

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