Em uma sequência que não ocorria desde 1998, o Brasil registrou três meses seguidos de deflação. O IPCA de setembro se manteve no campo negativo, com -0,29%, depois do -0,68% de julho e do -0,36% de agosto – o acumulado desta sequência, -1,32%, é maior que o da deflação entre julho e setembro de 1998, que somou -0,85%. Com o índice de setembro, a inflação acumulada dos últimos 12 meses recuou mais de 1,5 ponto porcentual e agora está em 7,17%. Já a inflação do ano é de 4,09%, ainda dentro da tolerância da meta do ano, que é de 3,5% com 1,5 ponto para cima ou para baixo. No entanto, ainda que o mercado financeiro esteja revendo para baixo suas previsões do IPCA de 2022 a cada semana, será muito difícil que o índice cheio termine abaixo dos 5%.
Mais uma vez, a grande responsável pela deflação é a gasolina. O efeito da redução de ICMS aprovada em junho já ficou para trás, mas a Petrobras continuou baixando os preços do combustível nas refinarias, em linha com a tendência de queda nas cotações internacionais do petróleo, registrada nos últimos meses. Devido ao grande peso que a gasolina tem na composição do IPCA, as oscilações negativas têm o potencial de puxar o índice todo para baixo, assim como os combustíveis também foram os grandes “vilões” da inflação nas épocas de alta.
Um governo pouco ou nada comprometido com o urgente ajuste fiscal, com o respeito ao teto de gastos e com as reformas macroeconômicas tem tudo para jogar fora o esforço de trazer o IPCA de volta a níveis aceitáveis
Em setembro, no entanto, também houve boas notícias no grupo Alimentação e Bebidas, que recuou 0,51% – a primeira deflação do ano para este grupo. Essa redução foi fortemente influenciada pela queda no preço do leite longa vida, que baixou 13,71% no mês passado, depois de altas expressivas como os 25,46% de julho. Isso já era esperado, pois alguns fatores sazonais que reduziam a oferta e encareciam a produção foram eliminados, embora isso ainda não tenha sido suficiente para trazer o preço dos laticínios de volta aos patamares anteriores à alta registrada neste inverno. Já os serviços seguem subindo acima da inflação média: 8,50%, no acumulado dos últimos 12 meses.
Para o curto prazo, as perspectivas ficaram ligeiramente mais sombrias com o anunciado corte na produção de petróleo anunciado pela Opep+ (o cartel que reúne grandes produtores da commodity, mais a Rússia). Ainda que a redução comece a vigorar apenas em novembro, o anúncio já bastou para que o petróleo revertesse a tendência de queda e voltasse a subir, o que pode pressionar a Petrobras. Mesmo assim, o mercado financeiro segue convicto de que o IPCA acumulado continuará em queda até terminar o ano em 5,71%, de acordo com o mais recente boletim Focus. Isso significa que as inflações de outubro, novembro e dezembro deste ano, ainda que voltem ao campo positivo, deverão ser menores que as do último trimestre do ano passado (1,25%, 0,95% e 0,73% respectivamente).
Já para o médio e longo prazo, o resultado do segundo turno da eleição presidencial será fundamental. Gastança governamental e desordem nas contas públicas geram inflação, e um governo pouco ou nada comprometido com o urgente ajuste fiscal, com o respeito ao teto de gastos e com as reformas macroeconômicas tem tudo para jogar fora o esforço de trazer o IPCA de volta a níveis aceitáveis. Um governo verdadeiramente empenhado em praticar a responsabilidade fiscal, pelo contrário, poderá até mesmo ajudar a encurtar o período de aperto monetário que o Copom vem julgando prudente alongar até ter a certeza de que a inflação estará domada. Esta é uma das escolhas que o eleitor terá diante de si no dia 30.
Congresso prepara reação à decisão de Dino que suspendeu pagamento de emendas parlamentares
O presente do Conanda aos abortistas
Governo publica indulto natalino sem perdão aos presos do 8/1 e por abuso de autoridade
Após operação da PF, União Brasil deixa para 2025 decisão sobre liderança do partido na Câmara