O mundo está eufórico com a saúde da economia brasileira. Chegamos ao ponto em que as dívidas interna e externa estão sob absoluto controle, a reservas cambiais são imensas, a estabilidade monetária está garantida e não há no horizonte de curto e médio prazos turbulências que possam nos intranqüilizar. Diante de um cenário desses, as mais respeitadas agências internacionais de classificação de risco já colocam o Brasil no patamar daquelas economias em que os investidores internacionais podem confiar quase cegamente.

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Salvo os soluços intermitentes na cotação do petróleo por razões políticas localizadas no eternamente conflagrado Oriente Médio, o mundo também vai muito bem. Sobram dólares à procura de lugares que lhes ofereçam segurança e rentabilidade. Um desses lugares é exatamente o Brasil, para onde estão se destinando grandes somas graças à atração dos juros ainda altos pagos pelo governo e pelo rendimento dos papéis negociados em bolsa.

A queda na cotação do dólar – que pela primeira vez em seis anos fecha abaixo de R$ 2,00 desde terça-feira – é um dos mais visíveis sintomas desse cenário de bonança que atravessamos. É a irrevogável e imutável lei da oferta e da procura que se enuncia de modo prático: a abundância de dólares é que está fazendo baixar seu valor frente ao real, cada vez mais forte.

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Há razões para o grande otimismo do momento. Mas também há razões mais do que suficientes para que se acelerem providências para que este cenário não se transforme num decepcionante "vôo de galinha" – barulhento, mas curto. Em outras palavras, é preciso tornar perenes e mais consistentes as condições gerais para que os investimentos, atualmente em grande parcela especulativos, se tornem produtivos e mais favoráveis ao impulso do crescimento.

A isso se dá o nome de "janela de oportunidades". Há anos ela está escancarada para o Brasil, mas o Brasil não tem aproveitado a chance na medida necessária. Não bastam os fatores de natureza financeira que já oferecemos aos investidores. É preciso mais – é preciso completar o ambiente com medidas estruturais, aquelas que realmente propiciam a reprodução da riqueza e, conseqüentemente, dos amplos reflexos sociais decorrentes.

Assim, só mesmo com as reformas sempre prometidas e nunca realizadas, principalmente a tributária e a trabalhista, é que os dólares que hoje sobram poderão se transformar em obras de infra-estrutura, em ampliação e modernização do parque industrial, em incremento dos mercados interno e externo e, logicamente, em multiplicação de empregos e melhoria da renda da população.

O elenco de obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) contém largas oportunidades para investimentos diretos de capitais internacionais, seja na forma de Parcerias Público-Privadas seja mediante concessões para exploração de setores estratégicos da economia, dentre os quais, apenas para citar um exemplo ainda anteontem referido pelo presidente Lula, o da modernização dos portos marítimos brasileiros.

É preciso vontade política. É preciso uma conjunção de esforços do governo e do Congresso Nacional, além da participação do empresariado e dos trabalhadores. Sem estes pressupostos pouco se conseguirá no sentido de garantir o aproveitamento da "janela de oportunidades".

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