| Foto: Andreas Gerth/Switzerland Tourism

Em convênio com a Heritage Foundation e com o Instituto Monte Castelo, a Gazeta do Povo publicou na sexta-feira o Índice de Liberdade Econômica de 180 países, pelo qual se pode comparar o Brasil com as demais nações em termos de liberdade econômica. O levantamento usa metodologias e critérios científicos de alta credibilidade, e os países são analisados em quatro categorias principais, cada uma com três subcategorias: Estado de Direito (Direitos de Propriedade, Integridade de Governo, Eficiência Judicial), Tamanho do Governo (Gastos do Governo, Carga Tributária, Saúde Fiscal), Eficiência Regulatória (Liberdade Comercial, Liberdade de Trabalho, Liberdade Monetária) e Mercados Abertos (Liberdade de Comércio Exterior, Liberdade de Investimento, Liberdade Financeira).

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No mapa geral, o Brasil está na 153.ª posição, o que, em um grupo de 180 países, significa baixo grau de liberdade econômica. Sem entrar nos detalhes dos números, a classificação brasileira é considerada péssima, sobretudo porque está provado que existe correlação positiva e direta entre a liberdade e o progresso material e, por consequência, a favor do bem-estar social da população. Em um mundo altamente conectado, em que ciência e tecnologia evoluem aceleradamente, a liberdade econômica e a estabilidade das regras são decisivas para promover o crescimento econômico, o aumento da renda por habitante, a geração de empregos e a superação da pobreza.

Não há um único país altamente fechado e hostil ao resto do mundo que tenha se tornado rico

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O Brasil é marcado historicamente por manter a economia fechada, com baixo grau de inserção internacional, baixa absorção de tecnologias internacionais e baixo coeficiente de comércio exterior. Adicionalmente, o país tem uma cultura política que faz o sistema estatal ser uma inchada máquina de produzir leis, decretos, resoluções e atos regulatórios que nem são claros nem são estáveis, além de elevado custo de obediência. Essas características agem contra o espírito de iniciativa, inibe o empreendedorismo e atua contra a livre iniciativa, afetando desde o mais simples empresário até as maiores organizações nacionais e estrangeiras que atuam no país.

Esse vício de nacionalismo arcaico e o medo de se abrir para o exterior são cacoetes brasileiros fortemente entranhados no espírito da classe política e dos governos, a quem não ocorre estudar as razões pelas quais o país fechou 2017, pelos dados do Banco Mundial, com renda por habitante de apenas US$ 8,6 mil contra US$ 57,5 mil dos Estados Unidos ou US$ 42,2 mil do Canadá. Esses números dão a dimensão dramática do tamanho da pobreza brasileira, e o país é um dos poucos do mundo capitalista onde o discurso contra o capital estrangeiro e a abertura comercial, bem como a hostilidade ao investidor internacional, ainda tem apelo eleitoral e apoio de expressiva parcela da população. Não por coincidência, pouquíssimos são os países adiantados e de alto padrão de bem-estar nos quais esse tipo de discurso e de crença tem apelo significativo.

Leia também: Escravos do paternalismo e da burocracia (editorial de 2 de fevereiro de 2018)

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

O levantamento sobre a liberdade econômica mostra que os países que ampliaram seu comércio com o resto do mundo, incentivaram investimentos estrangeiros em território nacional e, principalmente, absorveram o máximo possível de tecnologias inventadas ao redor do planeta são os que mais se desenvolveram e mais rapidamente superaram a pobreza. Se essa receita é conhecida e, contrariamente, não há um único país altamente fechado e hostil ao resto do mundo que tenha se tornado rico, cabe indagar que mistérios levam os governos, os políticos e grande parte da população a acreditarem que o Brasil pode sair da vergonhosa pobreza mesmo se mantendo em um horrível 153.º lugar em um ranking global de liberdade econômica.

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