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O presidente Lula durante a posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras.
O presidente Lula durante a posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Em julho de 2019, durante evento em Curitiba para marcar a devolução à Petrobras de R$ 420 milhões recuperados pela Lava Jato, o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, afirmou que a operação “salvou a Petrobras de se transformar numa PDVSA [referência à companhia petrolífera da Venezuela]. Hoje é uma companhia forte e saudável”, acrescentando que os membros da força-tarefa do Ministério Público Federal eram “heróis nacionais que salvaram o Brasil de muitos problemas”. Quase cinco anos depois, o palco da Petrobras é ocupado por uma figura dedicada a reescrever completamente a história contada por Castello Branco.

Lula participou, na quarta-feira, da cerimônia de posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no Rio de Janeiro, e não perdeu a oportunidade de atacar a Lava Jato e inverter – ou, melhor dizendo, perverter – a verdade sobre a operação, o esquema que ela desvendou e os resultados que ela obteve. “Com o falso argumento de combater a corrupção, a Operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. (...) O que queriam eles mesmo era entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos de petrolíferas estrangeiras”, afirmou Lula, confiante na sua capacidade de transformar a mentira em verdade repetindo-a mil vezes, como afirmou certa vez um famoso ministro da Propaganda de um regime totalitário.

O petismo quer fazer crer que foi o combate à corrupção que demoliu a Petrobras, e não a ladroagem que a Lava Jato expôs e conteve

Houve, sim, desmonte e privatização – mas foi o petismo que desmontou a Petrobras e a privatizou para seus próprios interesses. À corrupção desenfreada somaram-se decisões de negócio desastrosas (como a compra da refinaria de Pasadena) e políticas populistas, como o represamento artificial dos preços dos combustíveis, que sangraram a estatal a ponto de fazer dela a petrolífera mais endividada do mundo. “Ninguém quer que a Petrobras seja uma empresa deficitária e que ela perca dinheiro”, disse Lula, mas o petismo fez exatamente isso com a Petrobras. Chega a ser acintoso que o presidente tenha feito, em seu discurso, uma referência positiva à construção de sondas durante o pré-sal, cujos contratos a Lava Jato demonstrou serem enormes focos de corrupção. Mas o petismo quer fazer crer que foi o combate à corrupção que demoliu a Petrobras, e não a ladroagem que a Lava Jato expôs e conteve.

O petista ainda disse que, “se o objetivo fosse, de fato, combater a corrupção, que se punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. Mas o que foi feito não foi isso. O que foi feito foi uma tentativa de destruir a imagem da empresa”. Ironicamente, na primeira frase Lula acabou de fato descrevendo o que houve, como o relógio quebrado que acerta a hora duas vezes por dia. O objetivo da Lava Jato era, de fato, combater a corrupção. Ela puniu os corruptos. Ela não apenas “deixou intacto o patrimônio do nosso povo”: a Lava Jato recuperou esse patrimônio, conseguindo que bilhões de reais fossem devolvidos à Petrobras pelos que a haviam pilhado. E tudo isso foi desfeito ou está em vias de sê-lo, graças a decisões teratológicas do Supremo Tribunal Federal, das quais o próprio Lula foi beneficiário.

“É preciso que prevaleça a verdade para o povo brasileiro”, afirmou Lula enquanto despejava suas mentiras diante da plateia. Pois a verdade é uma só: o petismo, partidos aliados e empreiteiras amigas se juntaram para pilhar a Petrobras e outras estatais, com o objetivo de alimentar um projeto de poder perpétuo petista. O petrolão foi a sequência do mensalão, esquemas que ministros do STF classificaram como ataque à democracia. Podemos afirmá-lo com certeza graças ao enorme e robusto conjunto probatório levantado pela Lava Jato. O Supremo pode até inutilizar esse conjunto probatório para efeitos judiciais, mas não pode transformar a verdade em mentira, nem dizer que os esquemas jamais existiram.

Lula festejou dizendo que “a farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada”. A Lava Jato, sim, foi infelizmente desmontada, mas a farsa real está nessas tentativas de desmoralizar a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil. A operação que salvou a Petrobras, nos dizeres de Roberto Castello Branco; que fez exatamente aquilo que Lula agora se vangloria de fazer, pois era o petismo que estava cometendo todos os descalabros que o presidente da República agora atribui aos que tiveram a coragem de investigar, denunciar e punir os responsáveis pela ladroagem. Farsa é a destruição do legado da Lava Jato, legado este que, a despeito das mentiras de Lula, temos a obrigação de proteger.

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