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A entrega da Plataforma de Rebombeio Autônoma – PRA 1 – à Petrobrás, no fim do ano passado, foi motivo de festa em Pontal do Paraná, principalmente entre os trabalhadores. Não poderia ser diferente. Além da sensação do dever cumprido, e de estar contribuindo para o crescimento do país, a conclusão da estrutura significou um bom período de oferta de trabalho no litoral paranaense.

Como se sabe, atualmente a produção petrolífera da Bacia de Campos (RJ) é escoada a partir de cada uma das plataformas do complexo da Petrobrás. A PRA 1 irá concentrar essa etapa de trabalho, facilitando a operação do sistema. A Bacia de Campos responde hoje por 80% da produção nacional, aproximadamente de 1,5 milhão de barris ao dia, além de 23 milhões de metros cúbicos diários de gás.

Agora, a parte mais amarga e angustiante da história da PRA 1. Sua construção levou dois anos, mobilizando mão-de-obra que chegou a 1,2 mil trabalhadores no estaleiro da Techint no pico dos trabalhos. Só para um comparativo: a população de Pontal é estimada em 18 mil habitantes.

Como o município e o litoral poderiam absorver parte dessa massa de trabalhadores dispensada e a ser dispensada? A Superintendência da Administração dos Portos de Paraná e Antonina (Appa) estaria estudando a possibilidade de adiantar o projeto do Porto do Mercosul. O terminal, segundo o governo, seria instalado na localidade de Ponta do Poço, em Pontal. Por mais que parte da mão-de-obra, a mais especializada, venha a ser reaproveitada pelo estaleiro em projetos desenvolvidos em outros estados, a dispensa pura e simples da maioria dos trabalhadores será inevitável. Afinal, ao concluir a gigantesca encomenda da Petrobrás, a empresa não contava com um nova obra contratada.

A esperança são novos pedidos por parte da estatal, sem descartar a implantação do Porto do Mercosul. Pelas declarações do superintendente da Appa, Eduardo Requião, à Gazeta do Povo, o projeto do novo terminal será debatido em reunião marcada para a cidade argentina de Córdoba, entre março e abril. E, pelos estudos preliminares, a Ponta do Poço operaria como um porto-alimentador, ou seja, atenderia navios de menor calado dos países do Mercosul. Com isso, seria contornada também a precária situação de infra-estrutura rodoviária e ferroviária do município de Pontal e do próprio estado.

Pelo que garante a Secretaria da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul, no ano passado o bloco chegou à terceira colocação entre os principais compradores de produtos paranaenses. Até novembro, as vendas para a Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai somaram US$ 1,130 bilhão – um aumento de 33% em relação ao mesmo período de 2005. Graças a isso, a participação do Mercosul nas exportações do estado ultrapassou 12%.

Há condições, portanto, de o estado superar o impacto causado pela falta de encomendas ao estaleiro de Pontal, podendo, inclusive, livrar o município da sina de períodos sazonais de crescimento. Mas, para concretizar os projetos anunciados, é preciso eliminar uma série de gargalos. A começar pela conturbada experiência da dragagem do Canal da Galheta, que dá acesso ao Porto de Paranaguá.

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