Qualquer que seja o partido no poder e qualquer que seja o plano de governo, o objetivo final é a melhoria do padrão de vida médio da população. Os caminhos e as políticas públicas escolhidas, sobretudo a política econômica, podem ser diferentes segundo a ideologia e o pensamento econômico do presidente da República e de seu partido sem que isso altere o objetivo final. O problema reside justamente em saber qual ideologia e pensamento econômico são mais adequados para conduzir o país a ter crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas superiores ao aumento da população durante longo período de tempo suficiente para dar um padrão médio de vida no nível dos países desenvolvidos.

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Depois de cambalear de plano em plano, finalmente o Brasil – com o Plano Real, em 1994 – deu um basta à teimosa hiperinflação que boicotava o progresso e impedia o país de atingir níveis satisfatórios de desenvolvimento. Na sequência, tendo como presidente da República o ex-ministro da Fazenda responsável pela idealização do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso (FHC), durante dois mandatos iniciados em 1995, o Brasil conseguiu incorporar à cultura nacional, entre outros, quatro pontos essenciais: o combate constante à inflação, a privatização de empresas estatais alheias às funções clássicas do Estado, o equilíbrio das contas públicas e a abertura ao exterior.

Após oito anos de governo FHC, o país elegeu o líder de um partido tido como socialista, o PT. Surpreendentemente, Luiz Inácio Lula da Silva não renegou aqueles quatro pontos; pelo contrário, adotou-os como sendo a base de seu governo. Aproveitando a arrumação da casa feita por FHC e o cenário internacional altamente favorável ao Brasil, Lula conseguiu implementar programas sociais de transferência de renda que fizeram bem à população mais pobre, e se tornaram o quinto ponto essencial da estratégia considerada a mais adequada para colocar o país no rumo do desenvolvimento e da superação da pobreza.

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Infelizmente, após oito anos de Lula, o novo governo, sob a presidência de Dilma Rousseff, renegou aquele modelo e, principalmente, deixou de lado algumas bases importantes da política econômica, como o sistema de metas de inflação, o superávit primário das contas fiscais e o câmbio flutuante. É necessário reconhecer que a presidente Dilma pegou o país sob a influência da crise financeira mundial iniciada em 2007/2008 e teve de amargar a queda de preços das commodities brasileiras de exportação, situações que a presidente usou – indevidamente – para justificar sua política econômica cheia de improvisos e de medidas estranhas.

A consequência principal da política econômica de Dilma foi o baixo crescimento do PIB durante seu governo, atrasando a superação da pobreza e retardando a melhoria do padrão de bem-estar médio da população. Felizmente, uma vez reeleita, a presidente nomeou uma equipe econômica que anunciou a retomada de todos aqueles quatro pontos essenciais – ou seja, recuperou integralmente o modelo iniciado em 1994 – e já tomou um conjunto de medidas com o objetivo de recolocar o Brasil no rumo do crescimento econômico e da elevação do padrão de vida médio, embora parte dessas medidas signifique transferir para o bolso do cidadão a conta da irresponsabilidade governamental.

O Brasil tem um longo caminho a percorrer para conseguir duplicar a renda por habitante (condição necessária para reduzir os níveis de pobreza atuais e dar padrão de vida digno a todos). Porém, é consenso que o país precisa melhorar com urgência aquilo que os economistas chamam "a produtividade total dos fatores (PTF)", ou seja, o aumento da quantidade produto por unidade de fator de produção (capital, trabalho e recursos naturais). Para tanto, é necessário haver aumento da produtividade do trabalho (quantidade de produto por hora de trabalho humano) e aumento da produtividade do capital (quantidade de produto por unidade máquinas, equipamentos e outros bens de capital).

Assim, a elevação da PTF exige que o país busque com urgência elevar os investimentos públicos e privados em infraestrutura física e comece uma revolução definitiva na educação de base e na qualificação profissional. Se fizer isso, todo o resto virá em seguida, desde que o governo não abandone o modelo econômico baseado nos quatro pontos essenciais adotados desde 1994, mantenha os programas sociais e seja eficiente na gestão das medidas adequadas ao sucesso desse modelo.

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