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Editorial

Momento de decisão

Começa hoje o programa eleitoral gratuito do segundo turno da eleição presidencial, que está sendo disputada pela candidata Dilma Rous­­seff (PT), da coligação governista, e o candidato José Serra (PSDB), da oposição. Neste embate direto, com apenas dois candidatos, a sociedade espera que tanto Dilma como Serra apresentem com objetividade suas pro­­postas, mostrem franqueza e honestidade e deixem de lado os subterfúgios políti­­cos de sempre, para que o eleitor possa decidir com plena consciência o programa e o perfil de presidente que deseja para os próximos quatro anos.

O horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio foi criado com o propósito ideal de dar ao eleitorado brasileiro um amplo co­­nhecimento sobre as propostas de ações de cada partido. E dar oportunidades iguais a todos os candidatos, para que divulguem seus propósitos políticos, independentemente do poder econômico ou de outros privilégios. Ao longo da história da vigência dessa modalidade de propaganda política, obrigatória pela força da lei, no entanto, nem sempre o horário eleitoral cumpriu o seu papel. Tem servido quase sempre de palco à desmedida promoção pessoal de alguns candidatos e de cenário de ataques rasteiros a oponentes políticos.

Nas eleições deste ano, a realidade não foi diferente. A propaganda eleitoral gratuita foi marcada pela mesma forma desgastada de sempre. Com raras exceções, de modo geral, os programas alternaram-se em mostrar um triunfalismo exagerado, quando os candidatos falavam de si próprios, e uma visão desabonadora ou derrotista, quando falavam de seus adversários. Além de muitas promessas vazias.

Essa maratona de exposição da imagem eleitoral, envolvendo 22,4 mil candidatos no país, dos quais nove à Presidência da Re­­pública, mais de uma centena a governador, 270 ao Senado e mais de 20 mil aspirantes a deputado federal, foi mais uma vez desprezada pelo público. A audiência foi muito baixa. E os resultados das urnas evidenciaram que os milhões investidos nos programas para o rádio e a tevê, pelos candidatos majoritários, não corresponderam às expectativas.

Esse é o caso da campanha de Dilma. Mes­­mo com as sofisticadas produções, se comparadas às de outros candidatos à Presidência, não conseguiu fazer do programa um fator decisivo para vencer o pleito no primeiro turno. É possível concluir, diante disso, que a influência do programa eleitoral gratuito no processo eleitoral é cada vez menor no país, justamente porque é vítima de seus próprios vícios, defeitos e idiossincrasias.

As novas estratégias dos dois candidatos já estão lançadas.

Momentaneamente Lula saiu de cena, depois de ter sido o elemento político marcan­­te da campanha no primeiro turno. Tanto do ponto de vista de divulgar seus feitos governamentais como do de atacar os adversários. Mesmo assim, e com toda a sua popularida­­de, o peso de Lula não foi suficiente para arre­­batar a eleição de Dilma. O Lula briguento deverá desaparecer e surgir um presidente mais comedido e ponderado, o Lu­­linha paz e amor, no ditado popular, que já venceu duas eleições.

Do outro lado, deve sair da sombra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que nem sequer apareceu na campanha de Serra. Muitos analistas políticos consideraram um erro tucano ter tomado essa decisão, que quase levou à bancarrota a campanha do partido, se não fosse salva pelo crescimento da can­­didata do PV, Marina Silva, na última se­­mana. O PSDB e seus aliados, agora, querem comparar as eras Lula e FHC.

Estratégias à parte, o mais importante agora é a sociedade se concentrar nos candidatos e não nos seus padrinhos ou preceptores. O horário eleitoral gratuito terá cumprido seu papel se representar, neste segundo turno, a oportunidade para um debate de alto nível e de propostas efetivas entre Dilma e Serra. Aí a decisão será mais justa.

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