A apreensão da comunidade internacional em relação à iniciativa do Irã de estabelecer um novo programa nuclear de larga escala, com o enriquecimento de urânio a 20% e a construção de outras dez usinas, chegou a limites que lembram muito bem a época da Guerra Fria. Tanto que as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos e França, deram por encerradas as atuais negociações nucleares com o Irã e pediram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas novas e mais severas sanções contra Teerã.
O comunicado do Irã à ONU sobre o desdobramento de seu programa nuclear colocou o Oriente Médio em estado de alerta. Com exceção da Síria, que mantém uma aliança estratégica com Teerã, todos os demais estados árabes deixaram clara a grande preocupação com as ambições nucleares daquele país. Um Irã armado com ogivas nucleares e um arsenal de mísseis de médio e longo alcance, tendo como líder o radical Mahmoud Ahmadinejad, presidente do país, significaria uma ameaça direta à ordem regional e à estabilidade dos governos.
Como resultado, a declarada ambição do regime iraniano de alcançar a hegemonia regional está deflagrando uma corrida armamentista. Já que os Estados árabes aliados ao Ocidente têm a convicção de que o programa nuclear civil de Teerã é apenas um pretexto para construir armas nucleares de guerra. Diante disso, nos últimos meses, a maioria dos países do Golfo Pérsico buscou, silenciosamente, garantias estratégicas dos Estados Unidos e adquiriu os mais modernos equipamentos militares da atualidade. Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos do Reino Unido, os governos dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita investiram em armas R$ 17,4 bilhões e R$ 15,6 bilhões, respectivamente, para fazer frente a esta situação.
Mesmo com as evidentes tendências do belicismo nuclear do Irã, a questão diplomática não é tão simples. Estados Unidos e França estão exigindo que o Conselho de Segurança da ONU deve impor novo lote de sanções econômicas e comerciais ao Irã (já submetido a três ciclos de punições desde que dissidentes denunciaram uma parte oculta do programa nuclear de Teerã, em 2002). A possibilidade de novas sanções, no entanto, pode esbarrar nos governos de China e Rússia. Não está claro se endossarão resoluções punitivas no Conselho, onde têm poder de veto. Os dois países, geralmente se abstêm de apoiar punições contra o aliado Irã.
A posição do governo brasileiro também é mais um fato complicador. O Brasil havia assumido o papel de interlocutor entre o Irã e o Ocidente, com a recente vista de Mahmoud Ahmadinejad ao país. Contudo, o Itamaraty ainda defende um acordo entre os dois países para a troca de urânio enriquecido por combustível nuclear com o Irã. A diplomacia europeia aponta a atitude brasileira como um empecilho à aprovação de novas sanções a Teerã, mas os EUA estão tentando fazer o Brasil mudar de posição, porque só uma decisão em bloco vai garantir as novas sanções.
A verdade é que, diante deste quadro, só um firme posicionamento do Conselho de Segurança da ONU, impondo novas sanções ao Irã, vai mudar este quadro belicista, gerado pela arrogância política do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Caso o contrário, a impressão que fica é que a ONU só serve para figuração. Além disso, o Brasil, ao apoiar o Irã neste perigoso intento, está demonstrando mais uma vez que o Itamaraty na era Lula representa um fiasco para a diplomacia do país.
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