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José Genoino
Fala de Genoino defendendo boicote a empresas ligadas à comunidade judaica gerou reação de entidades.| Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O ex-presidente do PT, José Genoino, ainda um nome forte dentro do partido e próximo do presidente Lula, achou por bem defender durante uma entrevista a um canal do YouTube que era uma boa ideia “boicotar” empresas de judeus. A sugestão não é nem um pouco inovadora: algo muito similar foi proposto pelo ditador Adolf Hitler, em 1933, dando início formal à perseguição nazista contra os judeus na Alemanha. O resultado é bem conhecido: estima-se que seis milhões de judeus morreram durante o Holocausto, um dos maiores genocídios da história, e que mostrou os perigos do antissemitismo.

E foi justamente uma fala antissemita que Genoino fez durante uma transmissão do canal Diário do Centro do Mundo, no último sábado (20), ao dizer que “essa ideia da rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos, que fere o interesse econômico, é uma forma interessante. Inclusive ter esse boicote a determinadas empresas de judeus”. Na sequência, o ex-presidente do PT defendeu que o Brasil deixasse de fazer negócios com Israel, cortando relações comerciais com o país.

O ex-líder petista fez uma incitação ao boicote de empresas pelo simples fato de serem propriedade de judeus, exatamente como ocorreu com o Judenboykott nazista.

Se Genoino queria fazer coro aos que optam por endeusar os atos do Hamas, chancelando atrocidades de terroristas e criticando Israel, poderia ter se restringido a comentar que considerava errado o Brasil negociar com empresas que deliberadamente apoiam as ações militares de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza. No ano passado, aliás, Genoino já tinha se colocado ao lado do grupo terrorista, declarando que “o direito à resistência contra a tirania não pode ser conceituado como terrorismo”.

Mas o que o ex-líder petista fez foi uma incitação ao boicote de empresas pelo simples fato de serem propriedade de judeus, exatamente como ocorreu com o Judenboykott nazista. Um ato claro de antissemitismo. Declarações aberrantes como as de Genoino são extremamente perigosas e não podem ser vistas com conivência. Desde os ataques do grupo Hamas em 7 de outubro do ano passado, a onda de antissemitismo tem crescido vertiginosamente em todo o mundo, incluindo no Brasil, e toda manifestação nesse sentido precisa ser rechaçada.

Um levantamento conjunto da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) mostrou que apenas no mês de outubro de 2023, houve um aumento de 961% nas denúncias de casos de antissemitismo no país. Aqui não falamos de críticas razoáveis a possíveis excessos cometidos pelas forças de Israel no combate aos terroristas, manifestação contrárias ao governo israelense ou mensagens de apoio ao povo palestino, mas de ataques diretos e indiscriminados aos judeus pelo fato de serem judeus.

A resposta a Genoino precisa ser imediata. Com razão entidades como a Conib, Fisesp e Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria alertaram para o teor antissemita da fala e pediram providências. Em nota, a Conib lembrou que o antissemitismo é crime no Brasil e protocolou um requerimento ao Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) para que Genoino seja investigado por racismo e incitação ao crime. Vários parlamentares da oposição também reagiram contra a fala antissemita. Já do lado do governo e do partido de Genoino, não houve manifestações.

Por mais que o PT, a esquerda em geral, e mesmo o próprio presidente Lula, com seu senso moral distorcido, deixem evidente sua predileção por regimes autocráticos, ditadores e grupos terroristas como o Hamas – aqui mesmo neste espaço já comentamos exaustivamente sobre isso – antissemitismo, o racismo dirigido ao povo de Israel, é crime, inclusive para o próprio Supremo Tribunal Federal, que já ratificou condenações por racismo de quem propagava ideias antissemitas. Assim, esperamos que as autoridades brasileiras, em especial o Judiciário, que já se mostrou muito ágil contra o chamado discurso de ódio nas redes sociais, não tratem a fala de Genoino como se fosse irrelevante. A leniência nesse caso pode significar uma carta branca para que o ódio contra os judeus se instale de vez nas terras brasileiras.

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