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Em 1961, ao condecorar Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, o então presidente Jânio Quadros plantou a "semente da dúvida" no coração dos brasileiros. Perguntava-se se seríamos cubanizados. E se era bom ou nem tanto. Dali em diante, gastou-se um bocado de papel e saliva para responder essa pergunta, com um dois-para-lá ora mais à esquerda, ora à direita, mas sempre latinamente apaixonado. E assim completamos uma longa boda de amor bandido pela Ilha. Mas tapa de amor dói. A posição do Brasil em relação a Cuba – como mostram os fatos recentes – se tornou uma piada de mau gosto. Não levamos a sério esse país que dizemos estimar. Usamos de seu exotismo como se tivéssemos comprado um pacote de férias para as praias de Varadero e só esperássemos de lá o consolo da beleza. Ainda soa nos ouvidos Caetano Veloso cantando "Mamãe, eu que­­ro ir a Cuba...!" Também queremos – "e ir antes que acabe", como se diz, sobre a iminência de que a ditadura finalmente vire poeira. Que se leia o que diz Yoani Sánchez, a "Blogueira de Havana", agora apreendida como dissidente, e se vire o disco. Os prejuízos sobre a nação são enormes. Nem a educação e a saúde ainda exemplares serão capazes de sanar o trauma social da ausência de democracia. Quem já passou por isso não devia esquecer.

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