O milagre econômico da Índia não é obra do acaso. Nem é fruto de geração espontânea o extraordinário crescimento da Coréia do Sul e de outros Tigres Asiáticos. A potência industrial que faz do Japão de hoje um dos países mais ricos do planeta também não começou ontem. Em comum, todas essas nações decidiram investir na educação, especialmente no campo da formação profissional, há muitas décadas. E foi exatamente esta sábia decisão que construiu o alicerce fundamental do invejável desenvolvimento que agora ostentam.

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O que têm em comum é o que os diferencia do Brasil – um país cujas condições, da extensão territorial à abundância de recursos naturais, são comparativamente mais vantajosas em relação a eles. No entanto, continua patinando em níveis miseráveis de desenvolvimento econômico, social e humano, exatamente por causa dessa diferença: o Brasil nunca investiu o quanto deveria na qualificação de seu povo.

Por isso, deve ser vista com bons olhos a promessa anunciada pelo Ministério da Educação de destinar R$ 1 bilhão para a criação de mais 150 escolas profissionalizantes e de investir na formação de professores nas áreas de tecnologia, ciências, matemática e física nos próximos quatro anos. Trata-se de um projeto mais do que necessário e ambicioso, mas cujos resultados não devem ser esperados para o curto prazo.

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Tome-se o caso da Índia como exemplo. Conhecido pela miséria extrema e milenar de sua população, o país é representando hoje por uma das maiúsculas que formam a sigla BRIC, pela qual são designadas as quatro nações emergentes que mais potencialidades apresentam para abrir as portas para o mundo desenvolvido – Brasil, Índia, Rússia e China. Chegou a esse estágio porque, há seis décadas, deu início ao aparentemente despretensioso projeto de criar os institutos de tecnologia, por meio dos quais milhões de jovens indianos passaram a ser formados.

O resultado dessa política é que, atualmente, a Índia domina largas fatias do riquíssimo mercado da informática, das telecomunicações e de outros importantes ramos do conhecimento, da energia nuclear à química. Seus cientistas estão hoje espalhados pelo mundo, destacando-se nas maiores corporações globais de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. E o país acumula também inúmeros prêmios Nobel.

A Índia ainda está longe de vencer a miséria de seu povo – até porque esta miséria se apresenta com componentes inscrutados em sua cultura – mas os passos que tem dado derrotá-la têm sido muito mais eficazes do que os observados pelo Brasil. Pode-se medir a diferença dessa velocidade quando comparados os avanços do PIB registrados pelos dois países nos últimos 20 anos: lá, a média de crescimento tem se aproximado da casa dos 10% ao ano, ao passo que aqui situam-se teimosamente em pífios 2,5%.

Não é outra a história do sucesso dos Tigres Asiáticos, que há dezenas de anos estabeleceram a educação, voltada sobretudo para a qualificação profissional de crianças e jovens, como prioridade absoluta e continuada. Evasão escolar zero, o dobro de permanência média nos bancos escolares, acesso ilimitado aos níveis universitários. É esta prioridade que os colocou na dianteira do Brasil em matéria de velocidade com que melhoram a vida de suas populações.

Esses exemplos são mais do que suficientes para confirmar nossa visão de que a iniciativa do Ministério da Educação de expandir o ensino profissionalizante e de formação de professores tem todo o potencial para colocar o Brasil no melhor e mais consistente caminho que o levará à prosperidade econômica e humana de seu povo.

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