| Foto: Stéferson Faria/Agência Petrobras

A Petrobras, já tendo perdido os anéis ao ter sido depredada durante a gestão petista, desta vez teve de entregar os dedos para não perder a mão toda. Para encerrar um processo judicial movido por acionistas minoritários da estatal nos Estados Unidos, a companhia aceitou um acordo pelo qual vai pagar US$ 3 bilhões (quase R$ 10 bilhões) para ressarcir investidores. Ao concordar com o pagamento, a Petrobras evita a possibilidade de ir a júri popular, que poderia condenar a empresa a uma multa de até US$ 10 bilhões (ou R$ 33 bilhões).

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A pilhagem petista foi o motivo alegado pelos investidores que buscaram a Justiça norte-americana. Afinal, uma coisa é comprar ações de uma empresa e ter prejuízo por fatores os mais diversos: decisões incorretas de gestão, adversidades climáticas, movimentações da concorrência, fusões ou aquisições – tudo isso faz parte da dinâmica do mercado de renda variável. Outra coisa é investir em uma companhia enquanto seus diretores e controladores (no caso, o governo federal) estão montando um esquema de corrupção para sugá-la por dentro, conscientes de que assim estarão ajudando a destruir a empresa e o valor de suas ações. Os minoritários têm razão em se sentir ludibriados.

Se os estrangeiros foram enganados, também os minoritários brasileiros o foram

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Mas, se os estrangeiros foram enganados, também os minoritários brasileiros o foram. E, agora, terão prejuízo duplo: o primeiro já ocorreu quando as ações despencaram, na esteira das revelações da Operação Lava Jato; e, agora, serão afetados porque o pagamento dos US$ 3 bilhões terá impacto nas contas da empresa, que começa a se recuperar sob a gestão responsável de Pedro Parente. Tudo isso sem a perspectiva de que ação semelhante que corre na Justiça brasileira tenha desfecho igual ao da norte-americana.

Pedir a indenização baseando-se apenas no escândalo de corrupção foi uma aposta segura dos acionistas e seus advogados. Afinal, o petismo destruiu a Petrobras de muitas outras formas deliberadas e que não se encaixam nas circunstâncias fortuitas que podem minar o valor de mercado de uma empresa. Basta lembrar do represamento de preços dos combustíveis durante 2014, o ano da disputa pela reeleição de Dilma Rousseff. Diante do aumento nos preços internacionais do petróleo, os reajustes eram necessários, mas foram negados para que não houvesse reflexos inflacionários que prejudicassem a campanha de Dilma. Essa política foi responsável por prejuízos e pela explosão da dívida da empresa.

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Recorde-se também a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, ocorrida em 2006, quando Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Em outubro, o Tribunal de Contas da União determinou o bloqueio dos bens dos responsáveis pelo negócio, incluindo a própria Dilma, em um reconhecimento explícito de que o negócio não foi uma mera decisão equivocada de negócios. E ainda há o caso da Refinaria Abreu e Lima, uma camaradagem com o parceiro ideológico Hugo Chávez que terminou em mais corrupção, um calote venezuelano e novo prejuízo para a Petrobras e seus acionistas.

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Em 14 anos de governos do PT, uma das maiores empresas do planeta se viu reduzida a uma fração do que era, conquistando apenas um título, bastante indesejado – o de empresa petrolífera mais endividada do mundo. O partido conseguiu criar uma “tempestade perfeita” sobre a estatal: corrupção, gestão mais que irresponsável e uso populista da empresa, tudo ao mesmo tempo. As consequências desse estrago ainda serão sentidas por muito tempo – o valor do acordo de Nova York é de seis vezes o que foi devolvido até agora aos cofres da empresa graças à Lava Jato – e serão pagas pelos brasileiros, já que a responsabilização, até agora, tem se limitado a corruptos e corruptores. Já é um avanço, sem dúvida, mas também os maus gestores precisam ser punidos pela destruição deliberada da Petrobras.