Simplesmente conter as ambições atômicas de Teerã não vai trazer a paz à região, mas é um passo que precisava ser dado

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A comunidade internacional conseguiu um importante passo para reduzir as tensões no Oriente Médio no último domingo, quando os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China), a Alemanha e o Irã chegaram a um consenso a respeito da implementação do acordo, assinado em novembro, sobre o programa nuclear da república islâmica. O texto entra em vigor a partir do dia 20 e as medidas previstas valerão por seis meses, durante os quais os diplomatas dos sete países e da União Europeia seguirão conversando para chegar a um acordo definitivo.

As concessões feitas pelos iranianos devem dificultar, se não impossibilitar, a obtenção de uma bomba atômica. O país poderá manter as centrífugas já existentes e seguirá enriquecendo urânio a 5% (a porcentagem se refere ao teor de urânio-235, um dos isótopos desse elemento radioativo), suficientes para se obter energia elétrica. No entanto, precisará se desfazer dos estoques de urânio enriquecido a 20% – na prática, uma bomba exige urânio enriquecido a pelo menos 85%, mas a possibilidade de enriquecer urânio a 20% é considerada um passo importante na busca por uma arma nuclear. Além disso, o Irã se comprometeu a facilitar o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) às instalações nucleares do país.

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Em troca, as potências do Conselho de Segurança, a Alemanha e a União Europeia concordaram em levantar gradativamente diversas sanções econômicas aplicadas ao Irã desde a descoberta do programa nuclear do país. As restrições ao comércio internacional já se estendem por vários anos e puniram não apenas o governo, mas também o povo iraniano, provocando inflação e desemprego (agravados pela resposta inadequada do governo às sanções). É possível questionar até que ponto é aceitável castigar uma população pelos erros de seus governantes; no entanto, também é possível avaliar que as sanções ajudaram a empurrar o regime iraniano às negociações. O presidente anterior, Mahmoud Ahmadinejad, preferia a retórica do confronto e da resistência – embora tenha sido no fim do seu governo que ocorreram os primeiros encontros com os diplomatas das grandes potências, sem sucesso. Em junho do ano passado, no entanto, os iranianos elegeram o moderado Hassan Rouhani, que durante a campanha eleitoral já havia prometido buscar uma melhoria nas relações com o Ocidente. Sua vitória representou um impulso importante para as negociações que resultaram no acordo de novembro.

Ainda assim, é preciso lembrar que, mesmo com o acordo, o Irã segue sendo um potencial fator de desestabilização no Oriente Médio. O regime islâmico é um dos principais apoiadores do ditador sírio Bashar Assad, que segue resoluto em sua ambição de manter o poder na nação destruída por uma guerra civil que já dura dois anos. Além disso, os iranianos patrocinam grupos terroristas como o Hamas e o Hezbollah, o que aumenta a tensão entre o Irã e Israel, até o momento a única potência nuclear da região, e que se manifestou com veemência contra o acordo assinado entre o Irã e as grandes potências. Simplesmente conter as ambições atômicas de Teerã não vai trazer a paz à região, mas é um passo que precisava ser dado. Manter os iranianos na mesa de negociação é a única maneira de sonhar com futuros avanços.

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