"Brasil, o celeiro do mundo." Quem já não ouviu falar sobre isso? A expressão, que na teoria tenta traduzir o potencial brasileiro na produção agrícola e pecuária, na prática nunca esteve tão próxima de ser verdade. A participação do agronegócio brasileiro no mercado internacional, oportunidade que impulsiona o crescimento da área plantada, o investimento em tecnologia e o consequente aumento em volume de produção, posiciona o país como o grande e talvez único player capaz de atender à crescente demanda mundial por alimentos e energia. Fatores como clima, solo, água e tecnologia conferem ao Brasil uma posição privilegiada como fornecedor global e região estratégica à segurança alimentar.

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É certo que a competitividade, característica dessa vocação natural, é prejudicada pelo chamado custo Brasil, sobre o qual pesam questões relacionadas à infraestrutura, cargas tributárias e temas regulatórios que aumentam sobremaneira o custo de produção. Mas se ainda assim conseguimos ser competitivos e nos tornarmos os maiores exportadores de soja e o primeiro do ranking no comércio mundial de carne bovina, por exemplo, é porque o agronegócio por aqui é coisa séria, negócio de "gente grande" e fomentador da economia, seja ela urbana ou rural.

Não estamos mais falando apenas de produção agrícola e pecuária, agropecuária ou agronegócio, mas de economia. O setor já responde por 22% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Uma participação que vai a mais de 30% quando olhamos para a realidade do Paraná, o segundo maior produtor e o estado mais agroindustrializado da Federação. Plantar soja, milho, feijão, arroz ou trigo, criar gado, frango ou suíno, enfim, ser produtor rural, deixa de ser uma atividade de colono, quase que de subsistência, para sustentar o crescimento econômico de toda uma nação. Bem como a relação dessa nação nas divisas políticas e comerciais com o mundo.

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Aos críticos de plantão, para quem o Brasil está muito dependente do agronegócio, e o país deveria desenvolver e exportar mais tecnologia e conhecimento, cabe o ônus de apontar alternativas. Eles não estão errados. Quanto mais diversificada for essa pauta de produção e exportação, melhor. O que não pode ser permitido é a pura e simples contestação da ampla participação do agronegócio na geração de renda e divisas. Até porque estamos falando de uma vocação natural, que não pode ser desprezada. Ao contrário, precisa ser cada vez mais estimulada. Se nos últimos 13 anos foi esse o segmento que sustentou o superávit da balança comercial, vamos render graças ao agronegócio. Ainda bem que temos grãos e carnes suficientes para atender o mercado interno e abastecer boa parte da demanda mundial por proteínas e energia.

O problema, então, não está no agronegócio. O agro, pelo menos por enquanto, será o grande motor dessa potência que é o Brasil. Não apenas como alternativa, mas como condição ao desenvolvimento, protagonista de um futuro que passa, sim, pela promoção e fortalecimento de outros segmentos. Da indústria automobilística, dos manufaturados e tantos outros setores da economia. Mas com a certeza de um futuro que tem no agronegócio não o único, mas um dos grandes ativos da economia brasileira.

Se a última década foi de crescimento, posicionamento e consolidação do Brasil como o grande celeiro do mundo, para fazer jus ao título e à nobre referência, a próxima década terá de ser, obrigatoriamente, de investimentos, principalmente em infraestrutura. Para que o Brasil seja e assuma, de fato, o papel de grande produtor e fornecedor, terá de melhorar e muito sua capacidade de entrega.

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