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Barack Obama tomou posse em janeiro deste ano com elevadas expectativas so­­bre seu governo e imensos desafios, so­­bretudo porque seu mandato começou com a crise financeira no auge. Obama encarnou o papel de defensor da paz, na política ex­­ter­­na, e de promotor da prosperidade, na política interna, e a população reagiu demonstrando muita pressa e ansiando por mudanças rápidas. Já indo para o fim do ano, pode-se dizer que Oba­­ma acumulou êxitos e fracassos. O maior êxito do seu governo foi levar adiante o plano do go­­verno anterior para enfrentar a crise financeira, cujo ganho principal foi recolocar o sistema financeiro nos eixos. O fluxo de crédito voltou a funcionar, a onda de inadimplência no sistema imobiliário foi contida e os bancos dos Estados Unidos estão operando quase normalmente.

O segundo êxito de Obama é mais instrumental do que de resultados concretos e se deu no campo das relações internacionais comandadas pela Casa Branca, com a recuperação da credibilidade. O mundo passou a confiar nas intenções do governo norte-americano em reduzir conflitos e fomentar a paz, ainda que, nesse ponto, Obama ainda não tenha colhido muitos frutos. Embora os Estados Unidos te­­nham recuperado a confiança no seu papel de negociador e de mediador de conflitos, está ha­­vendo demora em retirar tropas do Afega­­nistão e do Iraque, situação que deixa o eleitorado americano impaciente. Caso Obama de­­more para apresentar progressos reais nessa questão, a confiança na capacidade do seu go­­verno em obter resultados palpáveis pode ruir.

Os dois principais problemas de Obama estão no campo da economia, e eles podem minar a popularidade de seu governo de forma rápida, ainda que ele não seja culpado pelas causas iniciais. O primeiro é o desemprego aberto, que está ultrapassando a faixa dos 10% da população economicamente ativa, e é sempre o fantasma mais temido pelos governantes, em função do seu elevado potencial como desestabilizador das relações sociais. O segundo problema, com o qual o governo Obama terá de se defrontar muito em breve, é o imenso déficit público resultante da montanha de dinheiro jogado no sistema para conter a crise. Somente neste ano as contas fiscais devem apre­­sentar um saldo negativo de 10% do Pro­­duto Interno Bruto (PIB) do país, taxa que é considerada altíssima para a história e os padrões da economia dos Estados Unidos.

Essas duas questões estão tirando o sono do presidente e de sua equipe, pois não existe solução mágica nem rápida, e a tolerância da população é finita. No caso do déficit público, as duas soluções de curto prazo, aumento da dívida pública ou aumento de impostos, são impopulares e deixam sequelas pesadas, por isso, o governo não terá como evitar um pesado corte de gastos públicos, o que significa mexer em programas sociais e gastos militares. Qualquer saída terá um cunho impopular. Completando a safra de dificuldades, o presidente tem um duro desafio no campo social: o sistema de saúde americano. Há um projeto do governo tramitando no parlamento, no qual uma das medidas prevê algum tipo de cobertura para 47 milhões de americanos que não têm assistência da rede pública nem de planos privados, e o alto custo dessa conta, em torno de 1 trilhão de dólares em dez anos, está dificul­­tando a aprovação do projeto. De resto, o tamanho dos problemas está mostrando que, apesar de bem-intencionado, Obama tem de lidar com limites e restrições.

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