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Um dos principais problemas que o governo tem pela frente em 2016 é a inflação. A meta fixada por resolução do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) é de 4,5% ao ano, com tolerância de variação de dois pontos porcentuais, ou seja, um teto de 6,5%. A medida oficial da inflação é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2015 em 10,67% – índice superior ao dobro da meta oficial – e representa derrota do governo, principalmente por ocorrer simultaneamente à queda do Produto Interno Bruto (PIB) e ao aumento do desemprego. As previsões para 2016 são de inflação menor, em torno de 7%. Entretanto, a inflação de janeiro estourou, bateu 1,27% e já preocupa – caso esse índice se repetisse nos outros 11 meses do ano, fecharíamos 2016 com uma inflação de 16,35%.

A inflação anual aceitável em países desenvolvidos é de até 3%, meta essa que deve ser perseguida no longo prazo. Por enquanto, o BC adotou a meta de 4,5% em face das peculiaridades brasileiras, particularmente as sérias distorções no sistema econômico e o histórico de hiperinflação que perdurou até 1994, quando ela foi debelada com o Plano Real. Embora nesses últimos 21 anos tenha havido razoável sucesso no combate à escalada de preços, o fechamento do IPCA de 2015 em 10,67% é uma péssima notícia e representa um dos piores anos em relação à inflação.

Inflação acima de 10% ao ano, como a ocorrida em 2015, não permite qualquer concessão

Em termos gerais, o mundo entende como anomalia haver elevação de preços em anos nos quais o PIB cai e o desemprego aumenta, o que transforma a inflação brasileira do ano encerrado em muito grave, inclusive por, a princípio, desafiar as teorias formadas ao longo da experiência histórica do mundo. Assim, a primeira tarefa é entender por que razões o IPCA foi tão elevado mesmo diante de PIB em baixa e desemprego em alta, fatores que têm o efeito de puxar os preços para baixo. O sistema de preços no Brasil não funciona nos moldes de um sistema livre e competitivo, pois o governo controla vários preços relevantes na composição do orçamento das pessoas, como é o caso de combustíveis, energia, água e transporte público.

O fato de a presidente Dilma ter represado esses preços e criado distorções graves na economia provocou desequilíbrio financeiro nas empresas, como é o caso da Petrobras, e respondeu pelo aumento de tais preços em 2015 em porcentuais elevados. Embora tenha havido a contribuição do aumento de outros preços – caso específico dos alimentos –, a explosão da inflação brasileira é um produto eminentemente governamental.

Pelos efeitos demolidores sobre o poder de compra dos assalariados, redução do valor dos ativos e empobrecimento que a inflação provoca, a repetição do IPCA em níveis tão elevados em 2016 seria desastrosa para a população brasileira. Combater esse mal é um desafio inadiável e o governo tem a obrigação de vir a público explicar o que pretende fazer para enfrentar o desafio de puxar a inflação para baixo, pois não se trata de um problema qualquer, mas da principal doença de uma economia. Também não se trata apenas de combater a inflação ocasional com medidas paliativas sem efeitos no longo prazo. Trata-se de não permitir que o Brasil jogue fora uma conquista obtida a duras penas a partir de 1994, pela eliminação da hiperinflação que estava destruindo o futuro do país.

Inflação acima de 10% ao ano, como a ocorrida em 2015, não permite qualquer concessão. É urgente o combate frontal ao mal para eliminar a ameaça de sua repetição neste ano e extirpar a tentativa de contaminar a vida nacional.

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