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Dos 5.565 municípios oficialmente existentes no Brasil, apenas cerca de 300 deles estão com o plano de manejo de resíduos sólidos em processo razoável de execução, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios. O número irrisório de cidades é motivo de preocupação diante da exigência feita pelo governo federal de as prefeituras apresentarem projetos técnicos para destinação do lixo até a metade do próximo ano. Em caso contrário, ficarão privadas de receber qualquer tipo de recurso voltado ao manejo de resíduos.

O que fazer com os milhões de toneladas de lixo produzidas diariamente é um dos desafios mais difíceis do mundo moderno, pródigo em gerar crescentes quantidades de material descartável, na maior parte deixado na natureza sem o devido cuidado. Para se ter uma ideia do que isso representa, dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública mostram que apenas em 2010 o Brasil produziu 61 milhões de toneladas de resíduos, a maior parte depositada em lixões sem o devido tratamento.

Com a criação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sancionado no ano passado, a intenção do governo é extinguir por completo, até 2014, os lixões e implantar em todo o território brasileiro o sistema de coleta seletiva. Uma meta sem dúvida ambiciosa, mas cercada de dúvidas quanto ao seu efetivo cumprimento em tempo hábil, em face da sua complexidade, exiguidade de prazos e o reconhecido despreparo das administrações municipais para a execução dos projetos técnicos; não se pode deixar de somar a todos esses entraves a baixa conscientização dos brasileiros em tratar adequadamente o lixo doméstico, em especial a adequada separação, evitando que material reciclado seja misturado ao inservível.

Se o lixo é um problema, a verdade é que hoje a procura por formas adequadas para a sua destinação não deve ser encarada unicamente como de responsabilidade dos gestores públicos. Ela passa, necessariamente, por medidas educativas para a população, que pode dar valiosa contribuição para pelo menos reduzir o tamanho do desafio que se tem pela frente. Um item que aparentemente pode passar despercebido pela maioria, mas que acabou virando uma dor de cabeça de proporções globais, é a questão das sacolas plásticas utilizadas principalmente nas compras nos supermercados. Introduzidas no mercado de consumo na década de 70, elas rapidamente caíram no gosto popular pela praticidade no seu uso, permitindo fácil acondicionamento de produtos adquiridos e servindo após para embalar os resíduos domésticos. Calcula-se que em todo o mundo sejam produzidas 500 bilhões de unidades de sacolas plásticas por ano, e, unicamente no Brasil, 1 bilhão delas são distribuídas mensalmente aos consumidores.

Se esse tipo de embalagem traz facilidades por um lado, por outro vem acarretando sérios transtornos para o meio ambiente. Calcula-se que cerca de 90% delas têm como destinação final os lixões ou são simplesmente jogadas no meio ambiente, provocando contaminação e poluição. Como a decomposição de uma sacola plástica leva em média 300 anos para ocorrer na natureza, é possível imaginar a dimensão das consequências caso não sejam substituídas por biodegradáveis ou similares retornáveis. Menos lixo no meio ambiente corresponde a inúmeros benefícios, a começar com a redução nos índices de poluição, enchentes, alagamentos e na proliferação de vetores responsáveis pela transmissão de uma gama enorme de doenças. Por todos esses fatores, apesar das dificuldades elencadas, o Plano Nacional de Manejo de Resíduos Sólidos, que traz embutida a meta de se acabar com os lixões que proliferam pelo país sem nenhum cuidado técnico até 2014, só deve ser enaltecido.

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