A sequência de bons números no mercado de trabalho brasileiro teve continuidade em junho, de acordo com as informações tanto do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, quanto da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, divulgados respectivamente na quinta e na sexta-feira. Pelo Novo Caged, que considera apenas os empregos formais, com carteira assinada, o país gerou 278 mil vagas em junho, no saldo entre contratações e demissões. Já o IBGE, cujo critério é mais abrangente, registrou nova queda na taxa de desemprego, que ficou em 9,3% no segundo trimestre deste ano, contra 9,8% no trimestre móvel anterior, de março a maio; agora, o país tem 10,1 milhões de desempregados, contra 10,6 milhões no trimestre móvel anterior.
Isso significa que, à exceção do primeiro trimestre deste ano, quando o desemprego estacionou entre 11,1% e 11,2%, as quedas têm sido substanciais, de ao menos meio ponto porcentual, desde que o indicador começou a recuar, em meados de 2021. Caso esse ritmo se mantenha, já em julho o país terá superado outra marca simbólica, com menos de 10 milhões de brasileiros desempregados pela primeira vez em muitos anos – dizemos “simbólica” porque 9 milhões de pessoas sem trabalho ainda é um número bastante alto, e que continua exigindo o olhar atento dos legisladores e dos formuladores de políticas econômicas.
Um alento para o futuro próximo do mercado de trabalho brasileiro é o fato de as previsões de crescimento da economia em 2022 estarem sendo revistas para cima
O desdobramento dos dois indicadores, Novo Caged e PME, traz números positivos. No Caged, por exemplo, houve saldo positivo nas vagas formais de trabalho em todas as unidades da Federação e nos cinco grandes setores pesquisados – comércio, serviços, indústria, construção civil e agropecuária; além disso, o salário médio de contratação em junho teve um ligeiro aumento, de 0,7% na comparação com maio. Também a PME verificou pequena elevação na remuneração média, que agora é de R$ 2.652. Apesar das tendências de leve alta nos salários, ambas as médias continuam bastante inferiores às de um ano atrás, e elevá-las é apenas um dos muitos “desafios secundários” a vencer – já que o desafio primário continua sendo a incorporação de brasileiros sem emprego ao mercado de trabalho.
Outra questão importante que merece atenção é o fato de a queda no desemprego ser majoritariamente puxada pelo trabalho informal – a taxa de informalidade continua na casa dos 40%, depois de ter ficado abaixo desse patamar durante parte do ano passado. Embora o país tenha novamente batido o recorde de brasileiros ocupados (conceito que inclui empregados com carteira assinada, autônomos, informais, servidores públicos, domésticos e empregadores), com 98,3 milhões, o mesmo não ocorre quando se consideram apenas os trabalhadores formalmente empregados: o melhor número da série história continua a ser de 37,5 milhões, registrado em 2014; atualmente, é de 35,8 milhões, pelos dados do IBGE. Segundo o Caged, que usa outra metodologia, esse número foi de 42 milhões em junho.
Um alento para o futuro próximo do mercado de trabalho brasileiro é o fato de as previsões de crescimento da economia em 2022 estarem sendo revistas para cima tanto internamente quanto externamente – o FMI, por exemplo, elevou sua projeção para 1,7%, mais que o dobro do que previa três meses atrás. No entanto, para 2023 os prognósticos de crescimento têm sido revistos para baixo, diante da possibilidade de que o aperto monetário promovido pelo Banco Central para conter a inflação seja menos intenso, mas mais prolongado que o previsto inicialmente. Manter o dinamismo da economia e o ritmo de geração de empregos em um cenário de Selic acima de 10% ao ano exigirá esforço adicional na realização de reformas, que infelizmente andam esquecidas nos corredores de Brasília.
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