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Ao aprovar a construção da usina nuclear Angra 3, o governo sinaliza a urgência de afastar o risco de racionamento de energia, cujo consumo aumenta exponencialmente em relação ao crescimento da economia. Não obstante, além de mais cara, a opção é polêmica num país com o maior potencial de energia renovável, principalmente de origem hídrica, a partir dos rios que correm em todo o território nacional. Para aproveitá-los basta remover alguns obstáculos apresentados indevidamente como sendo de prevenção ambiental, inclusive no Paraná.

É que organizações multilaterais – Banco Mundial, Painel Climático das Nações Unidas e mesmo entidades ambientalistas – situam nossa dotação hidráulica como a fonte mais limpa de geração de energia. Também a energia produzida a partir do etanol de cana-de-açúcar teve sua eficiência ambiental destacada em recente fórum sobre transportes da OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Ainda, um relatório da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, apontou as vantagens do álcool obtido da cana, o que pode ter motivado as propostas para a área que o presidente Bush trouxe ao país.

Além do álcool de cana – cuja produção desta safra deverá passar de 20 bilhões de litros – o Brasil apresenta alternativas no campo da bioenergia, como o biodiesel por adição ao óleo mineral de derivados de oleaginosas como soja, mamona, dendê, e mesmo a energia térmica gerada a partir do bagaço da cana. Mas a principal componente da nossa matriz renovável é a energia hidrelétrica.

Por isso o governo federal acaba de anunciar um plano de dez anos para ampliar a oferta de energia em cerca de 25 milhões de quilowates, o equivalente a duas usinas de Itaipu. O problema é que tais projetos só ficam prontos em mais de cinco anos e, no intervalo, o país pode sofrer racionamento similar ao de 2001, que já afeta vizinhos como a Argentina e o Chile. Outro obstáculo é a ausência de regras claras para concessão de licenças ambientais, a ensejar bloqueios conduzidos por radicalismo ou má-fé de grupos militantes.

No Paraná estão sustadas as licenças para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e o projeto da Usina Tijuco Alto, aproveitamento inicial do Rio Ribeira, se arrasta há treze anos. Mesmo a projetada usina de Mauá, no Rio Tibagi, enfrenta nova ameaça de políticos e grupos ambientais. O radicalismo na área chega a tal ponto que o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi interpelado em juízo por defender a aceleração no licenciamento de empreendimentos energéticos.

Concordamos que o desenvolvimento requer base sustentável – isto é, o uso presente dos recursos naturais deve prever condições que assegurem o benefício das gerações futuras –, mas o princípio se funda no bom senso, equilibrando tais restrições com as necessidades do presente, sob pena de se impedir a vida em sociedade. Devemos ter presente que as alternativas são mais drásticas: energia a carvão, como faz a China; ou a construção de uma terceira usina nuclear, como anuncia o governo Lula.

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