Conseguirá a presidente desfazer a imagem construída em seus três anos de governo e inspirar confiança nos agentes econômicos?

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Pela primeira vez, a presidente Dilma compareceu ao encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Espera-se que o clima político e econômico de Davos faça bem à presidente, sobretudo pela relevância de seus participantes e dos temas debatidos. Lá se reúnem líderes da economia mundial – empresários, ministros e presidentes de bancos centrais, diretores do FMI, do Banco Mundial e dirigentes de organismos internacionais –, com o objetivo de discutir temas ligados ao crescimento econômico, ao desenvolvimento social e a questões ambientais.

Num gesto de profunda arrogância, que acabou transmitindo sinal altamente negativo aos investidores privados nacionais e internacionais, Dilma se recusou, em todos os anos anteriores, a participar do Fórum de Davos. Com essa atitude, ela passou a imagem de que sua veia socialista e sua postura intervencionista continuavam presentes em sua personalidade e em seus atos de governo. O resultado foi que investidores, órgãos importantes e a imprensa econômica mundial firmaram a crença de que a presidente é contra o capitalismo, contra o livre mercado e contra capitais privados.

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Neste ano, em razão dos maus resultados em várias frentes de sua política econômica, Dilma compareceu, pela primeira vez, ao encontro e fez um pronunciamento montado para apagar a imagem negativa construída por ela mesma a seu respeito. O Fórum é importante, os olhos do mundo se voltam para lá e, mesmo assim, a presidente se recusava a participar sob o argumento de que se trata de um evento a favor da globalização; uma atitude infantil para um presidente da República. Se a presidente é contra a globalização, o melhor lugar para manifestar sua posição e explicitar os motivos é justamente o Fórum.

Neste ano, o tema principal leva o título de "Novos começos: fazendo uma diferença", e a pauta do encontro incluiu assuntos econômicos, os impactos da globalização em mercados emergentes, a regulamentação dos mercados financeiros e as novas tecnologias, entre outros. Dilma compareceu e fez seu pronunciamento, talvez por ter percebido que, além da relevância dos temas, o mundo econômico não se curva a sua vontade presidencial.

Os resultados negativos advindos de medidas do governo explicam por que os três anos de seu mandato, ainda que políticas boas possam ser apontadas, foram um fracasso em pelo menos quatro variáveis econômicas: o crescimento do PIB (que foi pífio em todos os anos), o desinteresse dos capitais privados na infraestrutura (como aconteceu com alguns editais de concessão nas áreas de energia, estradas, portos e aeroportos), o aumento do déficit público nominal (depois de pagos os juros da dívida) e, agora em 2013, também o enorme déficit em transações correntes (a soma dos saldos da balança comercial e do balanço de serviços).

O pronunciamento da presidente, as entrevistas de autoridades brasileiras e as declarações de assessores próximos ao gabinete presidencial foram na direção de que Dilma percebeu que ela e seu governo erraram, e é hora de consertar as coisas, caso se queira a volta do crescimento econômico e dos investimentos privados, sobretudo os internacionais. A pergunta que surge disso tudo é: conseguirá a presidente desfazer a imagem construída em seus três anos de governo e inspirar confiança nos agentes econômicos?

Mais que isso, é importante saber se em 2014 – ano de eleição, no qual a própria presidente é candidata a mais um mandato – o governo conseguirá mudar seu comportamento em relação ao déficit público, às medidas intervencionistas e à manipulação das contas fiscais. Só o tempo dirá. Esperar a reversão de um panorama negativo apenas pelo discurso feito em Davos é um pouco de exagero. O tom do discurso foi conciliador, mas o conteúdo foi burocrático e nada empolgante.

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Qualquer que seja o resultado, o fato de a presidente ter comparecido ao encontro e ter feito pronunciamento contribuiu para mostrar que ela reconhece os erros de sua política e tem disposição para fazer ajustes. Todo governante sabe que crescimento baixo, inflação alta, investimento fraco e contas fiscais frágeis geram desemprego e pobreza. Para quem quer se reeleger, nada poderia ser pior. Todavia, a presidente precisa ir além das palavras e demonstrar, com medidas práticas, que sua vontade de mudar é sincera.

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