O giro do presidente Lula pelo México e mais quatro países da América Central e do Caribe, durante esta semana, marca mais um passo na aproximação do Brasil com nações que, embora próximas, não tinham recebido até agora maior atenção da diplomacia brasileira. Trata-se de um aspecto positivo da atual gestão, que já rendeu a abertura de mercados que, embora aparentemente de escala modesta, no conjunto representam um novo potencial de negócios no comércio internacional, como ocorreu com os países árabes.
Já na primeira etapa do atual périplo presidencial, a comitiva de Lula celebrou acordo com o governo mexicano para exploração de oportunidades no setor de energia. As vantagens são mútuas por eliminarem alguns entraves da rígida legislação que o México adotou em tempos passados, de confiar a exploração de petróleo para uma empresa estatal monopolista. Ocorre que a Pemex tem limitações técnicas para explorar, por exemplo, jazidas oceânicas em águas profundas, levando a produção local a declinar nos últimos anos.
Os protocolos firmados entre o Brasil e o governo do presidente Felipe Calderón permitirão superar essa deficiência, enquanto a petrolífera mexicana nos repassará tecnologia de perfuração de poços em rocha basáltica. Além disso, Lula pretende impulsionar o comércio bilateral, crescente desde a gestão Fernando Henrique, mas passível de mais avanços, dado o potencial de ambos os países os dois maiores da América Latina. O México, inclusive, oferece lições com sua política de assinatura de acordos bilaterais com o maior número possível de países uma forma de reduzir progressivamente a forte dependência comercial em relação ao seu vizinho do norte, os Estados Unidos.
Nas etapas seguintes da visita aos centro-americanos e caribenhos, o presidente Lula esteve sucessivamente em Honduras, Nicarágua, Jamaica e hoje encerra a jornada no Panamá. Em todos eles procurou incentivar atividades de cooperação em áreas de interesse comum energia, transportes, desenvolvimento agrário e programas sociais reforçando laços com uma comunidade negligenciada pelos nossos formuladores de política externa. Nesse esforço, o Brasil conta com um acervo formidável: o sucesso do empenho de pacificação levado a efeito no vizinho Haiti, que após mais de dois anos já mostra resultados reconhecidos pela ONU.
Merece destaque ainda outra iniciativa no campo econômico: como os países da região gozam de vantagens alfandegárias não disponíveis pelo Brasil para ingresso no mercado dos Estados Unidos, empresários brasileiros estão se instalando ali com unidades de refino de biocombustíveis, para depois exportarem a produção para os americanos.
Essa maior integração comercial outro resultado da visita presidencial pode ter efeito mais pragmático do que a projetada recriação de uma Área de Livre Comércio da América Latina, espécie de Alca sem os Estados Unidos, cogitada durante os encontros na América Central.
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