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Editorial 1

O latente consenso pelo agronegócio

O debate de propostas para o agronegócio fez a campanha eleitoral dar um passo importante no Paraná nesta semana. Mostrou que a política não é feita apenas pelos candidatos, mas também pela sociedade, que pode pautar discussões e sair ganhando com isso.

Chamados pela Federação da Agricultura (Faep), Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) expuseram suas ideias a respeito de como desenvolver o agronegócio diante de uma plateia de cerca de 500 líderes sindicais e pro­­dutores rurais, na segunda-feira, em Curi­­tiba. Um de cada vez, explicaram como se posicionam em relação a cada ponto de interesse do setor: transgênicos, Código Florestal, propriedade privada, investimentos.

Apesar de a política de cumprimento de mandados de reintegração de posse de áreas invadidas ter tomado mais tempo que outras questões, os participantes puderam sair do local com uma clara noção das ideias dos dois concorrentes; do grau de conhecimento que os políticos têm do setor; da força das alianças ante o posicionamento ideológico individual do candidato.

A Faep se antecipou à estruturação das propostas dos candidatos e apresentou um plano diretor de desenvolvimento, que acabou pautando Beto Richa e Osmar Dias. O documento de 53 páginas mostra, com dados estatísticos, que o agronegócio perdeu importância econômica no Paraná e precisa reagir. A principal saída, conforme a Faep, é a agroindustrialização. E foi com base nessa avaliação que os dois candidatos a governador apresentaram seus argumentos.

Como forma de sensibilizar ambos para questões-chave, a Faep elegeu duas propostas principais: a criação de uma agência de desenvolvimento agroindustrial e a transformação do Departamento de Fiscalização (Defis) em instituto de defesa sanitária vegetal e animal. Ambas receberam apoio do candidato tucano e do pedetista.

Eles consideram que é preciso investir na formulação permanente de projetos, a partir de informações técnicas, para que cada região do estado desenvolva melhor suas potencialidades. O leite é para o Sudoeste o que a cana representa para o Noroeste e a madeira para o Sul. Atividades ligadas ao agronegócio funcionam como sustentáculos, principalmente nas épocas em que a produção primária perde valor no mercado globalizado. Esse quadro deve ser o objeto de trabalho da agência de desenvolvimento.

Houve consenso também de que, para expandir negócios, é preciso oferecer produtos de qualidade. O instituto de defesa sanitária animal e vegetal cumpriria papel decisivo nesse processo. A carne bovina livre de aftosa sem vacinação e o alimento orgânico à base de ingredientes rastreados poderiam atender aos mercados mais exigentes do planeta.

O encontro da Faep revelou que propostas levantadas pela sociedade organizada podem sim embasar planos de governo. A execução desses projetos, é claro, não fica garantida, mas o compromisso público assumido pelos candidatos permite que o governador eleito seja cobrado com propriedade pelos eleitores.

É claro que nem sempre há consenso entre as bandeiras de um setor e as propostas assumidas pelos candidatos. Nesses casos, o debate tende a ser um estágio de sensibilização das forças de governo para as demandas de cada setor. A campanha eleitoral, ainda assim, continua sendo uma época em que políticos e grupos organizados expõem mais claramente suas posições e amarram compromissos.

A estratégia adotada pela Federação da Agricultura merece ser seguida não apenas por apontar uma saída para o desenvolvimento de um setor do qual depende, direta ou indiretamente, sete em cada dez paranaenses. Indústria, serviços e segmentos mais setorizados podem sair ganhando ao assumirem seu papel no embate político que precede cada eleição.

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