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Editorial

O limite, na infra-estrutura

Apesar de notícias positivas sobre o emprego formal – que subiu principalmente com a reativação agrícola –, o Brasil deve se preparar para conviver com um crescimento não superior a 4,5%. A informação foi dada pelo ministro da Fazenda durante depoimento na Câmara dos Deputados, explicando que esse é o limite dado pelas condições gerais da economia, principalmente na infra-estrutura. Guido Mantega justificou que acelerar mais do que esse montante levaria a uma desorganização expressa em inflação e "apagões" – como as crises de energia que acossam países vizinhos.

A explicação do titular da Fazenda não desmanchou a impressão negativa causada por sua intervenção anterior nas questões econômicas, quando atropelou a estabilidade da moeda nacional ao propor a manutenção pelo Conselho Monetário da meta de 4,5% para a inflação no ano de 2009, mesmo após reconhecer que nos últimos 12 meses essa taxa ficou em 3,7%. Ao forçar aquela decisão, atendendo a uma linha também sustentada pelo presidente Lula, Mantega anulou esforços do Banco Central para levar a inflação cada vez mais para baixo, até convergir com as taxas dos países de economia estável.

A confusão causada por aquela intervenção custou alguns bilhões no giro da dívida pública – aponta o economista Alkimar Moura; ajuntando que "o Brasil tem a tradição de desorganizar regimes de política monetária". Na mesma linha crítica a maioria dos analistas avalia que a maneira confusa escolhida para comunicar a meta de expectativa inflacionária dará mais trabalho ao Banco Central, que se reúne nesta semana para definir a nova taxa básica de juros. A esperança é que a taxa de curto prazo seja reduzida em meio ponto, de 12% para 11,50%, para desestimular a entrada de capitais especulativos que buscam lucros de arbitragem entre os juros ainda elevados no Brasil e as taxas baixas operadas em outros países.

Nas declarações ao Congresso, o ministro Mantega negou serem os juros a causa da progressiva apreciação do real em relação ao dólar, mas admitiu medidas para desestimular a entrada de capitais voláteis; os quais continuam pressionando para baixo a cotação da moeda norte-americana – que caiu mais 2,10% só na última semana, fechando sexta-feira ao nível de R$ 1,8630. Ainda, pela primeira vez nosso comércio com a China terá déficit, estimado em um bilhão de dólares.

A realidade é que a esse nível de câmbio o Brasil perde condições para exportar manufaturados. As estatísticas mostram que se reduz a participação desses produtos na matriz de comércio exterior, de 56,7% para 40 % do volume exportado, embora cresça a dos bens primários. Nesse ritmo o Brasil deixa de aproveitar o cenário internacional, mantendo o ciclo histórico de dependência. A saída: reformas capazes de elevar o nível de competitividade da indústria brasileira – atenuando gargalos como custo do Estado, deficiência de infra-estrutura e rigidez da legislação de trabalho – passos rumo a uma economia desenvolvida.

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