Estamos diante de uma guerra pouco edificante. A campanha eleitoral deste ano, que chega às vésperas de seu final em segundo turno, tem se constituído em um inesgotável manancial de palavras, fatos, factóides e falsidades talvez jamais visto no país em pleitos anteriores. É o caso de se pedir aos pais responsáveis e diligentes educadores que retirem seus filhos da sala quando se quiser desfilar os nada exemplares casos de falta de ética e de respeito à sociedade e à causa pública que vêm teimosamente permeando – e em escala ascendente – a luta dos grupos políticos que disputam o poder.

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Disputa pelo poder. Não passa disso o processo pretensamente democrático em que se afundou a caça desesperada de votos a que estamos assistindo este ano. Propostas de governo não têm sido mais importantes do que a impostura e a mentira; compra de falsos dossiês substituem idéias e planos; alianças inescrupulosas e personalistas se sobrepõem à apresentação de projetos estratégicos; nos discursos, a mais deslavada demagogia populista tornou-se mais relevante do que a demonstração de jeitos e maneiras de realizar os sonhos de construção de um país mais justo e mais fraterno; ataques e acusações maldosas tomam o lugar da arregimentação pela via da pregação política, doutrinária ou ideológica. Candidatos e partidos se igualam por baixo, em nível inferior aos anseios latentes e intuitivos da população.

Reduz-se, deste modo, o eleitorado a um estágio infantil, submetendo-o a todo tipo de técnica de manipulação e persuasão – ora pela elaboração de estados coletivos de medo ou de dúvida, ora pela indução à crença em promessas irrealizáveis. Desfiam-se diante dele feitos que nunca foram feitos. Prestidigitam-se números – quantidades, quilômetros, volumes, velocidades... nada são tantos agora quanto tão poucos foram no passado. Constrói-se até o que ainda sequer saiu do chão. Inventa-se.

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Inventa-se para atacar a honra alheia; mente-se para desqualificar o adversário; esconde-se o que não convém; usa-se sem escrúpulo a máquina do poder e o poder do dinheiro para amordaçar ou para cooptar; confunde-se o público com o privado; levantam-se suspeitas, fazem-se acusações, atropelam-se leis, direitos individuais e difusos, ferem-se os mais elementares princípios éticos e morais que devem presidir a vida sadia em sociedade.

Não é desta maneira que se devem fundar os alicerces da democracia política e social que almejamos para o Brasil. É lamentável que tenhamos chegado a esse ponto. Mas, apesar desse ponto, somos todos – os 125 milhões de eleitores brasileiros – chamados a exercer o dever do voto e o direito da escolha a partir da infeliz adoção do que nos pareça ser o mal menor.

Sendo absoluto, filosoficamente o mal não seria passível de exercícios de gradação. Na prática, porém, diante da realidade que se nos apresenta, não nos resta alternativa senão a de escolher, segundo a nossa consciência, aquele que menos encarná-lo. No Brasil e no Paraná.