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Editorial 1

O obstáculo das estradas

A má qualidade das estradas brasileiras traz prejuízos incalculáveis para o país, tanto humanos como materiais. Nos cerca de 90 mil quilômetros de rodovias pavimentadas em todos os estados da federação, ocorrem mais de 700 acidentes por dia. Média de 30 por hora ou 1 a cada dois minutos. Ao ano morrem, pelo menos, 24 mil pessoas e outras 140 mil ficam feridas nesses acidentes. É nas rodovias que ocorre a maior parte das mortes no trânsito, pois os acidentes nas estradas são muito violentos e provocam mais mortes e ferimentos graves.

No plano logístico e econômico, as atuais condições das estradas tornam-se um fator constante de pressão nos custos dos transportes e, por consequência, no preço final de mercadorias e serviços. Segundo pesquisa realizada no fim do ano passado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), este quadro gera um aumento médio de 28% no custo do transporte rodoviário de carga.

Em algumas regiões, o aumento do gasto em transporte chega a ser exorbitante, como é o caso do Norte, onde o frete é 40% mais ca­­­­­­ro. Nas Regiões Sul e Sudeste, o impacto sobre os custos é um pouco menor, de 19,3% e 21,8%, respectivamente, segundo a pesquisa. Mesmo assim, estão muito acima dos padrões internacionais.

A pesquisa mostra, ainda, que 69% das estradas do país são classificadas como regulares, ruins e péssimas. Além do número alarmante de acidentes que essa situação propicia, compromete de forma significativa a vida útil dos veículos, especialmente da frota de caminhões; e reduz a competitividade dos produtos nacionais, uma vez que 60% de tudo que é transportado no Brasil é feito pelas rodovias.

O Paraná, nesse contexto, é um dos estados mais penalizados da federação. Por causa das péssimas condições de trafegabilidade da rodovia Régis Bittencourt (Curitiba-São Pau­­lo) e da situação precária do trecho Sul da BR-116, que liga Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A rigor, o estado é um verdadeiro refém da BR-116.

O exemplo mais recente disso foi a interdição da Régis Bittencourt, na segunda semana de fevereiro, por causa de deslizamentos de terra. O tráfego Sul-Sudeste ficou paralisado em uma das pistas por mais de 48 horas, provocando dezenas de quilômetros de engarrafamentos e muitos prejuízos econômicos. Sendo uma das principais ligações do país a BR-116, parece inconcebível que, depois de tantos avanços, os brasileiros tenham de enfrentar ainda situações caóticas como essas.

Diante de todos os esforços que os governos Fernando Henrique e Lula empreenderam no sentido de amenizar essas situações, o muito foi pouco em termos de recursos e obras efetivas. Por isso fica evidente que as rodovias, hoje, transformaram-se no principal gargalo de crescimento do país.

Se as obras vitais, como a duplicação da BR-101, entre Palhoça (SC) e Osório (RS), um trecho de 348 quilômetros, continuam se arrastando no governo Lula, depois de vários anos, é possível dizer que está faltando competência na gestão do plano rodoviário nacional. O maior exemplo é a execução do orçamento logístico do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Instrumento de propaganda, o PAC destina 50% dos novos recursos para recuperar estradas. Os investimentos, contudo, não se tornam realidade. E as rodovias continuam aí, abandonadas.

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