Citado pelo governador na cerimônia de ontem, de abertura dos trabalhos legislativos, o filósofo grego Aristóteles merece ter suas lições presentes em nossa cena política. De fato, o inspirador da estrutura lógica que até hoje dá corpo às formações políticas ocidentais, definiu o ser humano como um ente gregário. Mas Aristóteles também ensinou que a virtude, principalmente do homem público, reside no equilíbrio de quem se situa no meio termo entre atributos opostos.
Na mesma corrente, outro pensador da antiga civilização chinesa, Lao-Tsé, ensinava que o bom governante exerce sua função de forma tão equilibrada que ela não é sentida como peso pelos cidadãos. Mais recentemente os enciclopedistas franceses, os utopistas britânicos e os constituintes americanos defenderam o princípio de que a democracia republicana deve ser um regime em que os líderes se destacam pela virtude de um caráter bem formado, dotado de equilibrada maturidade para servir o seu povo.
Para evitar que a democracia se torne frágil, um teórico italiano da escola de Norberto Bobbio escreveu que se não pudermos assentar a República nos melhores, pelo menos devemos nos esforçar para evitar o governo dos piores. Lamentavelmente esta é a situação atual no Paraná, onde o desequilíbrio no comportamento do senhor governador causa perplexidade e leva a perdas reais.
Reeleito por escassa maioria relativa que agora se põe a justificar com fabulações típicas de quem "tortura os números para distorcer realidades" o chefe do Executivo estadual, em vez de tentar remediar essa rejeição por uma política de vistas largas, não perde ocasião de destilar sua frustração, investindo contra personalidades e segmentos representativos de nossa sociedade. Assim, na última segunda-feira, ao desfilar sua cantilena de esquerda contra o agronegócio, atacou as cooperativas agropecuárias paranaenses; deslembrado de que sem essas organizações solidárias não teríamos como agregar valor à produção rural via transformação em bens intermediários ou de consumo final.
No dia seguinte Sua Exa. aproveitou outro evento para disparar acusações levianas contra o prefeito de Curitiba e outras personalidades a quem o Paraná e o Brasil muito devem, por sua contribuição relevante para a restauração da democracia. Além de afrontar a memória do ex-governador e ex-senador José Richa vilipêndio censurável pelas leis de qualquer sociedade civilizada , o governador confirmou a suspensão dos convênios que beneficiariam obras públicas no município de Curitiba da ordem de R$ 50 milhões: pavimentação de ruas, construção de obras de arte e similares.
A propósito, é preciso lembrar que a atual administração estadual tem bloqueado projetos vitais de interesse da capital paranaense e de sua região metropolitana: Contorno Ferroviário, a conclusão do Anel Viário no setor Norte, uma solução sustentável para o Aterro da Cachimba e outros. Isso sem cogitarmos das perdas sofridas pelo estado ampliação do Aeroporto Afonso Pena, construção do novo cais no Porto de Paranaguá cujas verbas de origem federal acabaram desviadas para outras regiões por sucessivos obstáculos opostos pelo governo estadual. Em vez de benefícios, danos como o polêmico caso da aftosa que destroçou a pecuária bovina. No balanço de perdas sob o atual governo cabe arrolar, ainda, o confronto com empreendimentos de base multinacional, como a tentativa de acobertar invasão do MST às instalações de pesquisa da Syngenta; o desvio de empreendimentos de ponta como uma indústria de pneus para a Bahia e o bloqueio à construção de pequenas centrais hidrelétricas PCHs; miopia esquerdista que se esconde atrás da bandeira ambiental.
Por tudo isso, como respondeu o sempre ponderado Euclides Scalco, "grande parte dos paranaenses não aceita o comando de quem pretende ser um líder, mas é impedido pela tirania de seu perturbado e permanente estado emocional".
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