Que a economia do estado do Paraná está patinando e crescendo pouco é fato conhecido. Um novo ciclo de crescimento e modernização que seja capaz de aumentar significamente o Produto Interno Bruto (PIB) do estado, com reflexos em termos de melhorias sociais, é algo que a sociedade paranaense deve tomar como sendo o grande projeto estadual. Porém um novo ciclo somente será possível se o Paraná passar por um "choque de infraestrutura", com investimentos rápidos e volumosos em rodovias, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, energia e telecomunicações. Qualquer que seja o governante, ele não escapará de ser confrontado com a necessidade de uma urgente recuperação na infraestrutura do estado. Como grande parte desses setores está nas mãos do governo, o debate foi ideologizado e se criou uma prejudicial oposição entre público e privado, cujo resultado é o baixo nível de investimentos.
O Paraná precisa com urgência de capitais estatais, capitais privados nacionais e capitais privados estrangeiros para financiar um programa de ampliação, recuperação e modernização da sua infraestrutura, como condição necessária para um novo ciclo de crescimento. Entretanto, o êxito na implementação de um programa dessa natureza depende da criação de um ambiente institucional e legal favorável aos investimentos, além de um clima de "boas-vindas" para os capitais privados. É um equívoco ideologizar esse assunto, sobretudo quando a discussão vem carregada de hostilidade ao investidor privado. O que importa para a sociedade e para a economia paranaense é que as obras sejam feitas, pouco importando se elas são públicas ou privadas.
Infelizmente, criou-se no estado, sobretudo nos escaninhos do governo, uma cultura antiempresarial e antilucro, que só fez afugentar o investidor privado e desanimar o espírito empreendedor. Além de ser uma visão antiga, arcaica e superada, a hostilidade aos capitais privados nacionais e estrangeiros prejudica o estado e a população. Os setores público e privado não são oponentes entre si; eles são complementares e ambos são necessários. Chega a ser estranho alguém ainda acreditar que investimentos privados sejam um mal, quando é o setor público que depende do privado, já que o governo só existe porque a economia privada lhe paga impostos. O mundo, hoje, não tem escassez de capitais financeiros, o que há é carência de boas oportunidades de investimento e bom ambiente institucional. Há dinheiro sobrando, em busca de oportunidades de investimentos e, desde que o país e a região ofereçam condições legais favoráveis e estabilidade de regras, os projetos aparecerão.
Está mais do que na hora de o Paraná articular um movimento de lideranças políticas e empresariais para elaboração de um programa de investimentos em infraestrutura, sem o qual não há como o estado entrar em um novo ciclo de crescimento. A economia paranaense sempre esteve assentada na agricultura e na agroindústria, as quais são importantes e responderam pelo nível de desenvolvimento atual. Entretanto, se o estado quiser avançar, melhorar a renda por habitante e entrar em nova fase de desenvolvimento social, será necessário expandir sua base econômica, incorporar outros setores e entrar para o mundo das tecnologias modernas. O agronegócio sozinho não é suficiente para enriquecer uma região, pois o valor agregado pelos setores que o compõem é insuficiente para promover o progresso.
Não se trata de tarefa fácil, mas a busca de uma nova onda de investimentos no Paraná exige que se abandone qualquer clima político de hostilidade ao investimento privado, que se crie uma legislação clara, estável e favorável, e que o governo estadual defina um projeto para a implementação do programa de investimentos em infraestrutura. Ainda que o governo tenha papel relevante na execução de investimentos públicos, ele deve estimular e fomentar projetos privados, numa simbiose virtuosa entre o público e o privado. O clima do "tudo que é público é bom e tudo que é privado é ruim" é um dos erros históricos que a política do Paraná criou a partir de certos círculos do poder.
O mundo está cheio de exemplos mostrando que rejeitar investimentos privados em nome de um ranço ideológico e de uma cultura antiempresarial e antilucro é caminho certo para o fracasso e para o empobrecimento da população. Ao contrário, países que incentivaram e criaram um ambiente institucional favorável aos investimentos privados conseguiram melhorar suas economias e, por consequência, a vida dos seus habitantes. É hora de um novo tempo, uma nova forma de pensar e uma postura condizente com o mundo moderno.
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