O protesto de Londrina contra a insegurança que afeta essa metrópole do Norte do Paraná espelha uma situação comum no país: o efetivo policial é insuficiente, nas vezes em que atua é despreparado e até agora os programas corretivos do governo federal não geraram resultados. O "Chega de Luto" londrinense foi, nesse ponto, um divisor de águas, ensejando resposta pronta das autoridades: no mesmo dia da manifestação o policiamento foi reforçado.
Ocorrências policiais são rotineiras em qualquer sociedade, mas o fator que desencadeou a manifestação dos comerciantes e lideranças de Londrina foi o aumento exponencial na taxa de ocorrências graves, como homicídios e latrocínios a pior forma de delito contra a pessoa, por se tratar de roubo seguido de morte da vítima. Mesmo que muitos casos não sejam levados a registro, porque as pessoas não acreditam que o boletim de ocorrência seja seguido de investigação séria para o combate ao crime as "subnotificações" as estatísticas acusam crescimento de 56% no número de roubos e 14% no de furtos, segundo dados em confirmação.
Por isso ainda, carece de fundamento a maneira como o chefe do executivo estadual se referiu à manifestação, menosprezando o reclamo de medidas prontas por parte de uma população que não sairia às ruas nem fecharia as portas dos estabelecimentos comerciais se não tivesse chegado ao ponto de desespero como lembrou um empresário local. "A realidade é que a cidade estava cansada de paliativos que apenas oferecem uma sensação passageira de segurança", segundo expressou um advogado de Londrina neste jornal.
Em sentido contrário ao político que transitoriamente ocupa o cargo governamental, a cúpula policial do estado se deslocou para Londrina, acompanhou as reivindicações e determinou o reforço do efetivo, colocando mais policiais fardados nas ruas. É isso que a população pede: patrulhamento preventivo, investigação séria e seqüência nos procedimentos que leve os infratores a responder por seus delitos de forma a restaurar uma ordem pública hoje ameaçada não só em Londrina, mas em todo o Paraná e, lamentavelmente, no país.
De fato a crise policial é geral como demonstra a situação do Rio de Janeiro. Depois de uma série de governos populistas que encaravam o crime como subproduto de injustiças sociais e outras simplificações de sociologia barata, o estado fluminense se dispôs a combater o problema, enviando um efetivo policial para subir os morros cariocas e ali restaurar a presença do Estado. Só que a operação pecou pelo despreparo e truculência, resultando na morte de inúmeras pessoas com sinais de execução o que fez choverem denúncias inclusive de organizações internacionais. Ainda no sábado foi divulgado outro caso de barbárie policial, documentada por uma câmara de vigilância.
Enquanto isso o ministro da Justiça anuncia que vai partilhar a experiência da Polícia Federal com as administrações estaduais, numa tentativa de efetivar um programa nacional de segurança pública que até agora não apresentou resultados.
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