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editorial 1

O recado dos eleitores

A vitória arrasadora do Partido Popular (PP) na Espanha no último domingo confirma a mensagem dos eleitores de vários países da Europa de que não há espaço para governos ineficientes e incapazes de resolver a crise que se instalou na região e se agrava a cada dia.

Desde 2010, os partidos governistas europeus sofreram derrotas seguidas. Líderes políticos do Reino Unido, Holanda, Irlanda, Portugal e Dinamarca foram tirados do poder como punição pelo fracasso econômico.

Na Grã-Bretanha, os trabalhistas de Gordon Brown viram emergir das urnas em maio de 2010 o seu pior resultado em quase 30 anos de disputas com os conservadores de David Cameron, atual primeiro-ministro.

Em Portugal, o Partido Socialista (PS) do ex-primeiro-ministro José Sócrates sofreu uma dura derrota, ficando com apenas 28% dos votos contra 38,7% do Partido Social Democrata, liderado pelo centro-direitista Pedro Passos Coelho. Sócrates pediu demissão como secretário-geral do PS.

Não foi diferente na Holanda, onde, pela primeira vez em 92 anos, um liberal foi eleito para o governo, em junho do ano passado. Os eleitores também castigaram o Fianna Fail, partido governista da Irlanda, que nas eleições de fevereiro último ficou em terceiro lugar.

Em setembro, os eleitores da Dinamarca colocaram fim a dez anos de sucessivo governo da centro-direita, apoiado pelo Partido Popular Dinamarquês.

Em países onde não ocorreram eleições, como na Itália e na Grécia, a pressão dos eleitores, que foram para as ruas, foi decisiva para a queda dos governos. O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi superou inúmeros processos judiciais, denúncias de corrupção e escândalos sexuais, mas não resistiu à pressão quando a situação econômica e social do país se deteriorou.

O ex-chefe de governo da Grécia, Yorgos Papandreu, foi obrigado a oferecer sua renúncia. Em meio à revolta da população e à falência do país, o ex-premiê deu lugar a um Poder Executivo de unidade que aprovou o resgate financeiro da Grécia e promete afastar a possibilidade de saída da zona do euro.

Uma prova de que a população europeia busca punir os incompetentes e dar apoio àqueles que conseguem conduzir a bom termo os destinos de seus países está nas eleições da Suécia e da Alemanha. A razoável gestão econômica de Fredrik Reinfeldt, do Partido da Coligação Moderada, fez com que os eleitores suecos dessem ao governo um segundo mandato consecutivo.

A chanceler alemã Angela Merkel venceu com tranquilidade em 2009, num momento em que o país demonstrava força no pós-crise de 2008, mas neste ano, com a piora dos indicadores socioeconômicos, os resultados saídos das urnas nas eleições regionais não foram nada bons para os democratas cristãos.

Em 2012 será a vez dos eleitores franceses julgarem o mandato do presidente Nicolas Sarkozy. E se os resultados das últimas pesquisas de intenção de voto forem confirmados, os socialistas voltarão ao poder, acabando com mais de uma década e meia de governos da direta (Jacques Chirac, de 1995 a 2007, e Sarkozy, atual chefe de governo).

Os resultados das eleições e as mobilizações populares em todo o continente europeu mostram que os eleitores não têm tomado decisões pelas cores partidárias. A população quer governos que resolvam os problemas do seu país.

O desafio de Mariano Rajoy, primeiro-ministro eleito da Espanha, assim como dos chefes de governo que acabaram de assumir na Itália e na Grécia, é a implantação de medidas de redução do déficit público e a consequente retomada do crescimento. Sem estancar a dívida, esses países não terão condições de honrar seus compromissos, colocando em risco o futuro do euro e da União Europeia.

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