Os fãs do Rei Roberto Carlos (alguém não é?) devem ter se sentido os últimos dos súditos ao saber dos preços do show do cantor, no início de outubro, no Teatro Positivo. Para ficar bem pertinho do artista, reles mortais precisam desembolsar R$ 1,2 mil. E ficar longe também é caro R$ 400, com sorte.
As razões alegadas pelas produções são mais do mesmo as meias-entradas lançariam os promotores na indefinição do quanto vão lucrar e, por tabela, se vão conseguir arcar com as despesas da turnê. Em tempo, os curitibanos vão pagar mais caro do que o resto dos brasileiros. Resta saber se é porque temos mais estudantes indo a shows do rei Roberto Carlos ou se nossos custos culturais são de outro país que não aquele em que RC reina desde os idos de 60.
Enquanto não se define o sexo dos anjos, o que sabe, e bem sabido, e não é de hoje, é que o país patina numa espécie de esquizofrenia cultural. Da década de 70 para cá, quando os ídolos populares no esporte, na música, nas cênicas debandaram de jatinho para o Olimpo um novo cálculo passou a ser feito: é melhor proporcionar arte de qualidade para poucos, já que o custo-benefício é bem mais vantajoso.
Não se pode chamar isso tudo de um show de cidadania. E nem podia ser diferente num país que tende a ignorar o impacto social da cultura. Como shows e afins são eventos, vitrines ou coisa que valha, não há muito esforço em popularizar. Como dizem alguns dos que sonham com a arte ao alcance de mais gente, quem desistiu do povo foram os artistas, e não vice-versa, como alardeiam muitos deles por aí.
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