Para entender o funcionamento da economia nacional, os economistas recorrem ao modelo teórico dos “agregados macroeconômicos”, baseado em metodologia científica de uso internacional e aprovada pelos principais organismos globais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse modelo analisa e explica um país como um todo e afirma que existem quatro entidades econômicas: pessoas, empresas, governo e resto do mundo. As três primeiras são entidades internas, cujas relações econômicas se dão na moeda nacional, e o resto do mundo é uma entidade externa, cujas relações são feitas em moeda estrangeira, sobretudo na moeda padrão internacional, o dólar.
O comércio de bens e serviços entre as nações é realizado em moeda estrangeira, e um país somente consegue capacidade de fazer importações à medida que obtém a moeda estrangeira por meio de suas exportações. Como nenhum país exporta, em valores monetários, exatamente o equivalente ao que importa, o balanço de comércio exterior de bens e serviços apresenta superávit (exportação maior que importação) ou déficit (exportação menor que importação). Esse balanço leva o nome de “balanço de transações correntes”. O país que tem superávit fica de posse de reservas internacionais em moeda estrangeira, enquanto o país que tem déficit fica na dependência de que os bancos estrangeiros lhe concedam empréstimos, e/ou que os empresários estrangeiros mandem seus dólares para instalação de empresas no referido país.
A economia brasileira vem conquistando boa percepção internacional, mas faltam o crescimento do PIB e a melhoria das contas públicas
Além do balanço de transações correntes – que é a soma da balança comercial (exportação e importação de mercadorias tangíveis) mais o balanço de serviços (exportação e importação de serviços) –, o país tem outra relação com o resto do mundo: a tomada de empréstimos estrangeiros (e o pagamento desses empréstimos quando vencem) e o ingresso de dólares para investimento estrangeiro direto no país (e a remessa de lucros às matrizes das empresas). Essa outra relação com o resto do mundo é contabilizada no chamado “balanço de capitais”. De início, nenhum país pode ser indefinidamente importador se ele pouco ou nada tem para exportar, pois ficaria na dependência de conseguir empréstimos em bancos internacionais e de ingresso de dólares em forma de investimento estrangeiro direto, situação insustentável no longo prazo.
A consolidação dos três balanços (balança comercial, balança de serviços e balanço de capitais) resulta em uma peça contábil chamada “balanço de pagamentos”, que retrata o resultado das operações do país feitas por suas entidades internas (pessoas, empresas e governo) com a entidade externa (resto do mundo). Assim, a primeira causa do chamado “risco-país” é a situação da nação em termos de suas relações econômicas com o resto do mundo estampadas no balanço de pagamentos. O grau de risco de um país é conhecido a partir de um modelo matemático que expressa, além da situação do balanço de pagamentos, a estabilidade política, o controle da inflação, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de desemprego, o nível de pobreza, a situação das contas públicas e outras variáveis consideradas tanto por bancos em suas decisões de conceder empréstimos e fazer aplicações em ativos financeiros do país como por investidores estrangeiros em suas decisões de montar empresas naquele país.
Há várias agências internacionais de classificação de risco que analisam os países e apresentam os indicadores, em geral estabelecendo que, quanto maior for o risco apresentado por um país, maior é a pontuação. Os pontos são notas aos fatores de risco e o Brasil teve, a título de exemplo, momentos em que o mundo via o país com tanta negatividade e preocupação que o risco-país aqui batia a marca de 2 mil pontos, como aconteceu em 2001/2002. Esse número é considerado trágico: com o risco-país nestes níveis, nem bancos, nem fundos de pensão nem empresários estrangeiros se animam a colocar dinheiro no país.
À medida que a economia foi melhorando, a taxa de risco foi baixando e, quando chegou a 400 pontos, o Brasil já era considerado um lugar confiável – e até certo ponto seguro – para receber empréstimos estrangeiros, aplicações de fundos de investimentos e, também, investimento direto de empresários estrangeiros. A economia brasileira vem conquistando boa percepção internacional, sobretudo em razão dos superávits na balança comercial, do acúmulo de reservas cambiais e da baixa dívida externa (a dívida externa é a soma das dívidas de pessoas, empresas e governo, que são as três entidades internas, com o resto do mundo).
No fim de outubro, o risco-país do Brasil atingiu a marca dos 117 pontos, ou seja, um baixo risco, e isso se deve a alguns fatores: inflação baixa, superávits comerciais, baixa dívida externa, elevado valor em reservas cambiais, sinalização de abertura ao exterior, estabilidade política e oportunidades para investidores estrangeiros considerada a riqueza de recursos naturais, o programa de governo para a economia, a aprovação da reforma da Previdência e a sinalização de que virão por aí as reformas tributária e administrativa. Atualmente, a figura do ministro da Economia, Paulo Guedes, tem respeito e credibilidade perante o mundo, tanto por sua experiência internacional quanto por sua crença no capitalismo liberal e na economia de mercado, como também por seu ousado programa de reformas e de privatização de empresas estatais. O risco-país é um indicador importante à medida que atua como um termômetro em relação à situação econômica atual e às perspectivas contidas no plano de governo e nas reformas em andamento. Para melhorar, faltam duas conquistas: o crescimento do PIB e a melhoria das contas públicas.
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