A nação mais poderosa do mundo revive hoje o dramático 11 de Setembro de 2001, quando uma bem articulada ação terrorista pôs abaixo as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque. Uma década depois, em meio à sinistrose por segurança que tomou conta do mundo, a constatação que se faz é que pouca coisa mudou no combate efetivo das causas do terrorismo internacional, um espectro que passou a assombrar o mundo. O atentado ao coração dos Estados Unidos mostrou de maneira cristalina que nenhum país, por mais preparado que esteja, está imune a sofrer as consequências de atos perpetrados por grupos extremistas.
Imediatamente após a fatídica data, o então presidente George W. Bush anunciou uma cruzada mundial de combate ao terror. O resultado imediato foi a deflagração de uma ampla mobilização nos planos militar e diplomático que redundou na invasão do Iraque e do Afeganistão. Apesar das ações bélicas com apoio de países aliados, ao custo de bilhões de dólares, e dos esforços de inteligência despendidos, os resultados ficaram muito aquém das expectativas iniciais da Casa Branca.
Nem mesmo a execução de Osama bin Laden, mentor dos atentados ao WTC, durante bem articulada ação do Exército norte-americano no Paquistão, em maio último, autorizava esperar um declínio das ações extremistas. Acima de tudo, a morte do terrorista, considerado o inimigo público número 1 da América, teve um sentido simbólico de resposta pelos cerca de 3 mil mortos no 11 de Setembro. Afora isso, o terrorismo continua articulado e à espreita para a realização de novos atentados, quem sabe em que lugar do planeta. Pulverizados, esses grupos têm seu nascedouro principalmente no Norte da África, no Iêmen, na Somália, no Paquistão, no Iraque e no Afeganistão, onde recrutam e treinam suas forças, compostas por radicais dispostos a sacrificar a própria vida por seus ideais. Divididos em diversas facções fundamentalistas, essas células agem hoje com total independência e sem uma liderança única, alimentados em boa parte pelo fanatismo religioso que promete o paraíso àqueles que morrem pela causa.
Para combater esses focos de tensão, é preciso mais do que a força das armas. A falta de uma perspectiva de vida melhor para boa parte dos povos dessas regiões fornecedoras de material humano para o terror é o combustível que alimenta a espiral terrorista. No Oriente Médio, onde o extremismo tem campo fértil, solucionar o problema palestino pode ser um passo importante na busca de caminhos para tornar a região mais segura e, por consequência, o mundo.
Sem ações efetivas que tratem as causas do terrorismo e agindo apenas no combate às suas consequências, pouco será possível avançar, ainda que se invistam somas cada vez maiores de recursos no aparelhamento militar. No caso dos Estados Unidos, país que lidera as ações internacionais contra o terror, o Congresso estima que apenas as frentes de batalha no Iraque e no Afeganistão já tenham custado a fábula de US$ 1,3 trilhão; para se ter uma ideia, em 2001, antes do 11 de Setembro, o orçamento destinado à defesa do país somava US$ 304 bilhões, atingindo em 2008, último ano de Bush na Presidência, US$ 616 bilhões. Um pesado ônus herdado por seu sucessor, Barack Obama, que dez anos depois do atentado comanda um país mergulhado em profunda crise econômica cujas raízes podem ser debitadas em boa parte aos custos da guerra ao terror.
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