Nos últimos anos o fenômeno do terrorismo ganhou intensidade nunca vista antes no mundo. Seja por inspiração religiosa, política, racial, ou outro motivo qualquer, os atentados perpetrados por grupos ou individualmente se constituem num flagelo da sociedade contemporânea, que assiste num misto de espanto e impotência à escalada dessas ações. Nos meios de informação, notícias sobre atos de terror ganharam até um certo ar de banalização, tantos são os registros dessas ocorrências, em particular no mundo árabe, região conflagrada e berço de um sem-número de organizações extremistas.
Não é o caso do ocorrido na última semana na Noruega, sacudida por dois atentados que deixaram até agora 76 mortos e que ganharam repercussão mundial.
Inicialmente foi cogitada a possibilidade de a Al-Qaeda estar por trás dos ataques, hipótese posteriormente afastada diante da confirmação de ser um norueguês o responsável. Anders Breivik, um jovem de extrema direita que pretendeu com seu ato fazer um alerta contra a entrada de imigrantes em seu país e para o crescimento da influência muçulmana e marxista na Europa. Segundo o apurado até agora, Breivik planejou ao longo de 18 meses os detalhes dos ataques a explosão de um carro-bomba no centro de Oslo e o ataque a um congresso de jovens do Partido Trabalhista nacional. Além disso, ele elaborou e publicou antes da tragédia um longo manifesto em que afirma pertencer a uma nova Ordem dos Templários, que prega o fundamentalismo católico na Europa.
Possuidora de um dos padrões de vida mais elevados do mundo e baixíssimos índices de criminalidade, a Noruega está em estado de choque tentando entender o ocorrido. A mesma indagação é feita externamente, mostrando que mesmo sociedades ditas ideais não estão livres da ação de extremistas ou sociopatas dispostos a matar e destruir em nome de objetivos que consideram como justos. As crescentes manifestações de xenofobia que vêm ocorrendo, principalmente na Europa, têm alimentado o surgimento de organizações extremistas dispostas a fazer valer suas ideias através de métodos violentos. Neonazistas, ultranacionalistas, partidos radicais e até mesmo gangues de ruas são o fermento que pode levar à eclosão de atos de violência extrema como os que aconteceram na Noruega.
O triste episódio ocorrido no país escandinavo passa a compor a longa estatística de casos de atentados terroristas que sob diferentes motivações se constituem em uma ameaça constante nos dias de hoje. Contra a ação desses grupos nenhum país, por melhor condição de desenvolvimento social ou econômica que ostente, está imune. Ainda assim, a busca por segurança não pode se tornar uma neurose, sendo fundamental a busca por respostas que possam explicar os fatores que levam a esses atos e a partir daí procurar formas de se eliminar esses focos de insatisfação. Sobre isso, importante em meio à comoção nacional a serenidade manifestada pelo primeiro-ministro Jens Stoltemberg, ao declarar que a Noruega, apesar de tudo, não mudará e que a resposta aos atentados será mais democracia, mais abertura e mais humanidade, sem que isso represente ingenuidade.
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