Estado que historicamente dá uma grande contribuição ao desenvolvimento nacional, especialmente pela pujança de sua produção agropecuária e energética, e também por sua elevada participação no comércio exterior brasileiro, o Paraná não recebe da União benefícios proporcionais. A timidez e a falta de articulação política dos paranaenses para reivindicar seus interesses são os fatores mais freqüentemente citados como responsáveis pela constante e incompreensível irrelevância com que somos relegados.
Abre-se agora, em meio ao cenário político que recolocou como aliados o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Roberto Requião, uma aparente janela de oportunidades para que o Paraná ganhe a devida atenção por parte do governo federal, visando sobretudo à superação de alguns gargalos infra-estruturais que impedem o aproveitamento das largas potencialidades da economia estadual. Aliás, como lembramos neste mesmo espaço editorial em nossa edição de ontem.
Assim, é com otimismo que encaramos o encontro dos dois recém-reeleitos governantes, anteontem, em Brasília, ocasião em que o presidente da República colocou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à disposição do governo paranaense para, em conjunto, alinhavar uma pauta de projetos de infra-estrutura que poderiam merecer a destinação de recursos federais ao longo dos próximos quatro anos.
A oferta está coerente com a anunciada disposição de Lula de implementar em seu segundo mandato uma política voltada para o desenvolvimento, de modo a criar condições mínimas para melhorar as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a mais baixa dentre os países emergentes e a segunda pior da América Latina. Nesta mesma linha, ao que parece, começou a militar também o governador paranaense, até porque nosso estado vem apresentando nos últimos anos índices inferiores à média nacional.
Com exceção das áreas energética e de comunicações, cujos níveis de excelência são reconhecidos, e da razoável estrutura rodoviária que possui, o Paraná encontra obstáculos em setores logísticos vitais para alavancar seu desempenho econômico. São obras de interesse nacional e que, por seu vulto, só se viabilizam com o concurso de recursos da União e da iniciativa privada desde que, para esta, sejam oferecidas garantias mínimas de rentabilidade para o capital empregado.
Dentre as obras mais reclamadas e que, esperamos, sejam incluídas nas conversações com a ministra Dilma Roussef está, por exemplo, a conclusão da duplicação da rodovia Régis Bittencourt, o mais importante trecho da grande malha rodoviária de integração com o Mercosul. Outra é a melhoria do sistema férreo, com a eliminação de gargalos na região de Guarapuava e com a extensão de ramal até Guaíra, na divisa com Mato Grosso do Sul. Indispensáveis também são a execução da terceira pista do Aeroporto Afonso Pena e a construção do Cais Oeste do Porto de Paranaguá.
No conjunto, tais obras viabilizarão o escoamento da produção paranaense a custos altamente competitivos, favorecendo a recuperação do nível de investimentos privados em plantas industriais e agroindustriais, com reflexos para a dinamização da economia sobretudo no interior e, conseqüentemente, para o aumento da oferta de empregos de maior qualificação.